A CRUZ ASSOMBRADA
O homem já tinha uma idade avançada mas ficou conhecido ans redondezas por ser um excelente domador de burros de tal forma que, num raio de muitos quilometro, eram poucos eram aqueles que não tinha um animal domado pelo seu Filisbino domador
Agora a idade não permitia que pegasse um burro xucro para domar, mas não perdeu o hábito de toda tarde sair com um de seus animais e dar uma voltinha pelo bairro e bairros vizinhos, voltando para casa altas horas da noite.
Sua esposa sempre o alertava para que tomasse cuidado com essas andanças, pois só possuía animais novos e muitas vezes meio redomão, que refugavam a qualquer coisa, poderiam em uma dessas caminhadas noturnas, assuntar ate mesmo com alguma coruja ou curiango e derruba-lo da montaria sem que ninguém pudesse ver. Ele porem achava tudo isso uma grande besteira e ela sempre terminava com a mesma ladainha
__ Vai teimoso! Quarqué noite dessas ocê ainda encontra o seu.
Contou-nos seu Filisbino que certa noite foi visitar a casa de um compadre, pois soubera que havia tido um estupor e não estava nada bem de saúde, chegando lá, encontrou com velhos amigos, vizinhos do doentes que também vieram visitá-lo e conversa vai, conversa vem, acabou se despedindo e indo para casa já noite adiantada. Não era uma noite escura, a lua quarto crescente já quase cheia iluminava bem a estrada, cobrindo com sua luz prateada a imensidão das invernadas assim, ele seguia trotando despreocupadamente estrada afora.
Narra seu Filisbino que ao passar em uma cruz que havia no estradão onde, diziam os antigos moradores, um rapaz ainda jovem de tocaia havia matado a pauladas o seu patrão, um morador do bairro, fugido com sua esposa e nunca mais se ouviu falar do fulano e da mulher traidora mas, a partir de então, muitos diziam que no local haviam vistos coisas inescrupulosas, porem ele acético como era, nunca deu ouvidos a essas besteiras e no momento nem sequer lembrou dessas histórias, seguiu em frente tranquilamente.
Alguns metros depois da velha e esquecida cruzinha de madeira da beira do caminho encontrou com um homem desconhecido e o que chamou a sua atenção foi o tamanho do dito cujo, era tão alto que mesmo montado no seu alazão, não precisou baixar os olhos para cumprimenta-lo, o que fez com naturalidade mas ressabiado, a alguns metros adiante, olhou para traz e não viu mais o homem.
Neste momento um frio lhes subiu pela espinha, se arrepiou até os cabelos da cabeça, coisa que nunca lhe havia acontecido, lembrou da estória da cruz de madeira da beira do caminho, pregou a espora na anca do animal com o intuito de fazê-lo galopar, o que o pobre animal tentou mas, por incrível que pareça e por mais que o animal se esforçasse, parece que algo puxava o cavalo pela cauda, dificultando a sua caminhada que ao invés de ira para frente, começou a andar para trás..
Ele que se dizia ateu convicto, nesta hora rezou alto um “Creio em Deus Pai”, foi a salvação, aquilo que parecia segurar o animal, soltou e ele pode galopar até em casa, onde chegou assustado e contou o acontecido a mulher que imediatamente o repreendeu:
__ Bem feito! Quem mandou sê teimoso.
Diz que soltou o animal no pasto e ficou impressionado de como ele estava cansado e banhado de suor, depois foi dormir mas aquela noite custou pegar no sono, no outro dia bem cedo foi ter com o cavalo no pasto que ainda parecia estar com muito medo, permanecia encurralado num canto do piquete, não comeu nada por uns dois ou três dias, depois voltou a se alimentar mas não prestou para serviço algum, ficou um animal arredio e assustado, morrendo, não se sabe de que, alguns meses depois.