O FIM DA FESTA
Aquele namorico que ninguém dava nada por ele, foi aos poucos se avolumando e tornando cada vez mais caliente, o que começou apenas com um simples passa tempo, passou a ser um causo serio, embora ele sempre fazia questão de dizer que era apenas um passa tempo, ela por sua vez já não conseguia esconder a ansiedade para ver o bem amado de tal forma isso muito preocupava os pais da menina que, embora fazendo muito gosto do romance, também tinha a preocupação com a vida moral da filha e para vigia-los escalavam sempre o menino mais novo que sempre seguia os passos da irmãzinha e onde quer que a menina estive, lá também estava aquele pirralho por perto, observando tudo para depois fazer aos pais um relatório completo, portanto todo cuidado era pouco, pois por ser o irmão caçula, gozava de boa reputação na família, sua palavra era levada a serio.
Com o passar do tempo, levando em conta que o rapaz vinha dando provas de seu amor pela donzela, mostrando também ser uma pessoa de responsabilidade, a guarda foi relaxando, o garoto já não exercia a marcação cerrada ao casalzinho, as barreiras aos poucos foram sendo derrubadas e os sinais lentamente avançando.
O tempo havia passado, mais de dois anos de namoro e segundo a concepção do rapaz, ele havia dado provas suficientes de sua honestidade e pedia dela a famigerada provas de amor, mas sempre nos rala e rolas da vida, quando os sinais ia avançando, era ela própria que se esquiava, alegando que era uma moça séria, que tinha vergonha e que estas besteiras só iriam fazer depois do casamento pois era moça virgem e como tal queria se casar, ele, como todo bom brasileiro (e caboclinho) que era, não desistia nunca das tentativa pois como diz o ditado, “água mole tanto bate em pedra dura até que um dia fura” e foi assim até que um dia ela cedeu aos assédios do namorado e, numa festa num bairro vizinho, combinaram o tal encontro pecaminosos e por sorte aquele dia, já acreditando no juízo do casalzinho, os pais deixaram que fossem só a festa.
A festa estava animada, conversavam riam a vontade, estavam soltos e viram quando o Zequinha, um meninote de seus treze para quatorze anos, mas muito simples, chegou montado em sua égua tordilha, apeou e foi direto para a mesa de guloseimas, costume da região o festeiro dar doces aos fieis antes da reza e da procissão com o andor de São Sebastião que seguia até a capela do bairro. Viram também quando um bando de moleque peraltas, ao verem a égua amarrada, mais que depressa se aproximaram do animal, desamarraram e para espanta-lo, soltaram aos seus pés uma potente bombinha e com o estalo, a égua saiu desesperada num galope só, subindo espigão e sumindo no horizonte e o pobre Zequinha quando ficou sabendo, também saiu desesperado a procura de sua montaria.
Não tardou muito procissão saiu rumo a capela como de costume, e seguindo estava o casalzinho cada vez mais excitados, precisavam dar uma escapulida, ir para um lugar deserto para lá realizar o ato libidinoso e no momento certo, sem que ninguém percebesse, desgarram da procissão, embrenharam num cafezal e foram para longe da capela, aportaram debaixo de um frondoso pé de manga e ali com certeza estariam seguros pois todos estavam mais preocupados com a festa do que com vigiar namorados assim as coisas foram acontecendo e quando ela já totalmente nua, extasiado com a beleza que presenciava em sua frente, sem nexos exclamou em voz alta:
___ Meu Deus, posso ver o mundo inteiro!
Foi então que o Zequinha que por ventura havia subido na arvore para ver se do alto, enxergava sua égua, e que ressabiado com o que via, estava de bico calado até aquele momento, quando ao ouvir isso, na sua santa inocência perguntou:
___ Se oce tá inchergano o mundo, oia donde tá minha égua turdia, moço!