O GENIO DO ABORTO E O SUCESSO DO CAIPIRA(5º CAPITULO)

Enquanto Pedro conversava com o coronel Certoro recebendo seus elogios por sua boa administração na fazenda, Manoela admirava as dependências da casa, também reformada com moveis novos bem trabalhados com muita perfeição. Pedro era de fato um excelente artífice em madeiras.

Após depositar as malas nos aposentos indicados por Rosa, ela dirigiu para a cozinha, Laura vinha dos fundos do quintal com uma cesta de legumes e verduras fresquinhas que acabara de colher. Ao vê-la depositou a cesta sobre a mesa, e as duas se abraçaram longamente; --Desculpe—me comadre não ter ido recebê-la, eu estava na horta e com o barulho d’água ao despencar na bica não se ouve o que passa aqui em cima. --Que isso comadre eu sou de casa dispenso cerimônia-, o que aconteceu reformaram tudo até tu está mais nova?—tudo isto que está vendo é obra do Pedro, bendita foi à hora que me aconselhaste a convidá-los a virem morar com a gente. Devo a eles, minha paz de espírito. Tudo isto é fruto do seu trabalho, o casal me passa uma grande tranqüilidade cuidando de tudo! --E Luizinho onde está que não o vejo? –Dormindo, está uma gracinha fala tudo corre e sobe em todo lado, vai ter uma bela surpresa é uma perfeita cópia do pai!

Manoela a acompanhou até ao quarto, o garotinho já acordado, --Levanta garoto vem ver quem chegou pra ti ver! - Olá Luizinho como você ta lindo, e crescido!---Quem é ela vó? --Vem comigo sou vó também Venha ver que trouxe pra você umas roupinhas lindas! Meu Deus como parece com Ricardo! –Eu não lhe disse que teria uma bela duma surpresa! –O garotinho pulou no chão passou entre as a duas e disparou pelo corredor na direção à cozinha, -- mainha, mainha, quero fazê xixi! Rosa veio ao seu encontro e o tomou nos braços! – Que bom, ele chamar a Rosa de mãe!—Nós o ensinamos assim, Rosa é mamãe e Pedro papai, mas ele sabe que seus verdadeiros pais moram com o papai do céu, não pretendo criá-lo com mentiras, inclusive ele vai saber que o coronel é seu avô, mas tudo terá seu tempo e à hora. Para o coronel ele será sempre o filho de Rosa! –Tudo bem, e eu? Posso ensiná-lo me chamar de vovó?—Claro isso eu faço questão não irá influenciar em nada porque, para ele todas as pessoas mais idosas serão sempre vô e vó, inclusive o coronel, com certeza, vai ser assim, daqui a pouco ele estará o chamado de vô,aguarde e verá! O importante é que ele nunca saiba que tem um neto! – Olha comadre este garoto com a semelhança do pai desta maneira vai ser um martírio para o Certoro. – Perdoa-me porque é vosso marido, mas ele merece passar por toda provação de consciência para deixar de ser machista e preconceituoso!

Bom agora que desfizeste suas malas chame o coronel, vamos tomar café, e prepararmos para a festa de inauguração da ferrovia, não foi este o motivo que os trouxeram aqui? -- Um dos motivos, o meu, o mais importante é você e meu neto. Já o Certoro tem lá seu interresse, eu não entro no mérito desta questão. De qualquer forma vai ser boa esta ferrovia para nós duas, teremos mais oportunidade de nos ver, com mais freqüência, acredito-me que nosso trajeto para a capital Será por aqui pela via férrea.

Acompanhado pelo Pedro o coronel adentrou a casa para o café, estendeu a mão para Laura que acabara de ajeitar a mesa, ela enrubesceu um pouco engoliu em seco, e lhe deu boas vindas. Sentindo seu desconforto momentâneo, ele se voltou para Rosa e a cumprimentou também. Luizinho brincava agachado perto da porta com as costas para seu lado, ele agachou o puxou delicadamente para seu colo quando viu seu rostinho, teve um tremendo susto, perdeu o controle por completo, as semelhanças do garotinho com o seu filho eram incríveis. O menino se livrou dele e saiu correndo para a sala com seu brinquedinho na mão. O silencio tomou conta de todos, Manoela o amparou pelo braço e o conduziu à mesa sem dizer uma palavra si quer, serviu-lhe um pouco de água. – o que aconteceu coronel problema de saúde? --- Perguntou Laura-- não, apenas uma pequena vertigem ao agachar, coisa passageira, mas está tudo bem! –Só que as lágrimas rolavam entre as rugas do seu rosto queimado do sol. Sentaram-se, todos à mesa tomaram o café, ai sim ele se pronunciou. – Comadre Laura eu já dei os parabéns ao Pedro e os estendo a você também, eu imaginei encontrar aqui apenas escombros e ruínas, e quase não reconheci esta fazenda, o trabalho que realizaram aqui, parece um milagre, estava tudo desmoronado e em tão pouco tempo, vocês transformaram as ruínas num paraíso. – Paraíso que lhe pertence coronel e que nós o devolvemos a hora que desejar! --Jamais eu cometerei tamanha injustiça, me basta o mal que os causei no passado. – É, mas agora lhe será interessante resgatá-lo com esta estação, o escoamento da produção para o centro de consumo estará garantido é hora de investires em alta escala por aqui, afinal as terras lhe pertencem.Nós somos apenas agregados. -- Agora mais do que nunca eu terei motivo para mantê-los aqui. – Vou construir sim, um grande seleiro para suportar a produção procedente de Rancharia, e com vocês residindo aqui, posso ter a tranqüilidade de estar bem cuidado. -- A conversa agradou a Pedro preocupado com a hipótese de perder tudo o que havia conquistado. O coronel parecia sincero, embora Laura não acreditasse nas palavras que ouvia. Percebendo a insegurança de Pedro, ela respondeu, --se realmente houver méritos, eles pertencem ao Pedro e a Rosa são deles pelo grande empenho trabalhando ininterruptamente dias e noites--, eu lhe imploro coronel no dia que exigir seus bens de volta, não seja injusto a eles, a mim não importa sou única, posso sobreviver com muito pouco, mas no caso deles são diferente, eles tem este bebê para cuidar! – Bebê que me deixou emocionado e que eu mantenho de pé minha proposta de três anos atrás, se permitirem eu o adoto com meu filho e ele poderá herdar todo o meu patrimônio. –Como já lhe disse anos atrás coronel, Luizinho não está à venda, e nem desamparado podemos cuidar bem dele e se Deus quiser faremos dele um cidadão honrado, respondeu Rosa. Naquele momento Luizinho entrou correndo pelo corredor, pegou na mão de Certoro vem comigo vô, pro cê ver o filhotinho da vaca? O coronel cheio de entusiasmo acompanhou o garoto. --Laura recolhendo as xícaras do café disse: para ele todo idoso é vovô!—Melhor assim com certeza será um grande homem desde criança já saber cativar as pessoas é um bom sinal!

Continua na próxima semana

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 31/12/2012
Reeditado em 29/01/2013
Código do texto: T4061964
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