A Super-Boll
Existem determinadas coisas na vida que, mesmo você tentando jamais conseguirá aprender. Uma dessas coisas no meu caso foi o futebol. Por mais que eu praticasse jamais consegui fazer pelo menos uma três embaixadas (embaixada é o ato de bater na bola com o pé sem deixá-la cair” coisa tão simples que qualquer menino de meio de rua é capaz de fazer “n” vezes, utilizando até um bagaço de laranja. Deus sabe que eu tentei, fiz o possível e até o impossível para aprender a lidar com a bola, infelizmente não deu.
Quando rapazola fui um dos fundadores do Internacional Futebol Clube, time de pelada da minha cidade Campina Grande, fundado por Genaro Souto, e/ou Genaro Polonês como a galera lhe tratava..
As primeiras reuniões do Internacional foram realizadas na garagem da casa do meu pai. Os treinos e as partidas amistosas eram realizadas no campinho do “Bordel” outrora localizado entre o cais do Açude Velho e um Castelo abandonado do “Clube dos 200”, atualmente Faculdade de Direito da UFPB.
As minhas primeiras experiências com a bola foram desastrosas, eu não levava jeito para a coisa, por este motivo técnico do time (Zezé Mascotinha” me escalou como reserva do ponta direita do segundo quadro, já era alguma coisa.
Naquela época começaram a aparecer as primeiras bolas de couro do tipo “super boll”, como se tratava de uma novidade o seu preço era bem mais caro do que as bolas convencionais “a bola convencional também era de couro, mas com uma abertura por onde era introduzida a câmara de ar, depois da bola cheia, era costurada com um cadarço também de couro” por este motivo o Internacional sendo um clube pequeno e pobre, optava por este tipo de bolas..
Com o passar do tempo o Internacional foi ganhando mais associados, as reuniões já não eram mais realizadas na garagem da casa do meu pai, e sim numa pequena sala que alugamos no centro da cidade,.
Certo dia numa das reuniões realizadas nas sexta-feira, ficou acertado que a partir de então o Internacional passaria a utilizar nas suas partidas as modernas bolas do tipo “Super Boll”. Foi feita uma
cota entre os associados na segunda-feira, compradas logo duas bolas.
No domingo seguinte foi realizada uma partida amistosa no campinho do “Bordel”. Lá pelas doze horas quando o jogo acabou, “Zezé Mascotinha” que era o técnico do time, sabendo que eu morava perto do campo, me pede para guardar o material esportivo do time na minha casa. O seu maior cuidado era com os bolas novas “Super Boll”.
Depois do material guardado, antes dele se dirigir para a sua residência me fez a seguinte recomendação:
- Olha, amanhã de manhã, você pega um pouco de sebo e passa nas bolas, depois as coloque no sol, no final da tarde você pega a válvula e as esvazia, entendeu bem ?
No dia seguinte antes de ir trabalhar, procedi como o “Zezé Mascotinha” tinha recomendado, untei as bolas com o sedo e as coloquei no sol..
No final da tarde antes do jantar, lembrei-me das bolas, fui até o quintal e apanhei as mesmas., Com a válvula na mão e as bolas na minha frente, surge um impasse, no local do pito, haviam dois furos, com toda certeza um deles era o pito, o outro estava ali para confundir, o diabo é que eu não sabia exatamente qual o verdadeiro ou o falso..
Fiquei numa dúvida terrível, ali estava o maior patrimônio do Internacional, as duas “super-boll” tinindo de novas. Para fazer uma escolha certa pensei até fazer um “cara ou coroa”, ou num “par ou impar”, naquela tremenda dúvida me veio uma idéia de fazer a escolha por um método muito usado pelas meninas”meninas do meu tempo de garoto” , então. . .
- U-ni-du-ni-tê, Sá,lá,lá, mim.guê, um sorvete colorê, u,ni,du,ni,tê...
Enquanto falava aquelas palavras malucas, meu dedo indicador ia de um furo ao outro, quando terminei aquela ladainha,o indicador estava apontado para um dos furos, então pensei com convicção:
- Com toda certeza o pito é este!
Pego a válvula com determinação e enfio no buraco escolhido, e. . .
_ SSSSsssssssssssssssssss
Eu acabara de furar a cola “Super Boll” novinha do Internacional !