UM PESCADOR E UM CAÇADOR

Era uma bela tarde de sábado, a vendinha do povoado era o ponto de encontro dos moradores dos bairros da pequena e pacata cidadezinha e naquela tarde em especial estavam recebendo a visita de um velho conhecidos de todos, não pela lorotas que contava mas pelo gosto que nutria pelas pescarias e sempre que chegava de uma, lá ia ele para a vendinha, reunia os amigos e mandava vê suas aventuras pelos rios da região e adjacências.

Neste dia o ilustre loroteiro acabara de chegar de uma pescaria que fez lá pelos lados do pantanal mato grossense, lugar de peixes erados, e como sempre, o maior peixe acabou escapando haja visto que o fino cabo de aço que usara como linha não resistiu o solavanco do danado, arrebentou deixando desapontado o pescador, mas para justificar a fama de pescador, elogiou muito o lugar que alem de bonito, era é m verdadeiro paraíso para peixe, tanto é que acabou pescando uns quarenta lambaris, mas não como estes da região, as danadas eram tão bem tratadas e o rio tão generoso que pesavam é média de dois quilos e meio a três quilos cada uma...

Seu compadre que assuntava a prosa ao ouvir isso viu que a conversa ia longe, não aquentou e meteu o colher no meio, na expectativa de Dara mais animo ao compadre abatido pela peixe que deixara escapar e narrou as façanhas de seu esporte preferido: caça.

__ Apoquente não cumpadre, essas coisas acontece com gente memo, pois imagina o sinhô que estrudia fui caça na paiada da roça do Nho Mundinho pois mi disseram qui lá tava dando pomba qui nem agua. Alevantei de manhã bem cedin, pequei minha espingarda rabo de cutia, o imborná com os aviamentos e fui prá lá, chequei o sor tava nascendo e o qui vi era di enchê o zói de quarqué caçadô. Bem na entrada da paiada tinha um pé di canelão seco e um bando de pombas se assentaram nele, aproximei bem devagarzinho e a um certa distancia, parei i contei as bichinha: Três e três seis e três nove, mais nove dezoito e duas vinte. Pronto, lá tava as vinte pombinhas encarriadinhas no gaio do canelão. Com jeitinho pra não espanta as danadas, tirei a epingarda das costas, puxeio os aviamento do imborna, primeiro pequei o chumbo e pramodi num disperdiçá, contei vinte caroço de chumbo, uma prá cada pomba, adipois a porvá, a bucha, soquei bem côa vareta bem socadinho mais cum cuidado pra num fazê muito baruio e espanta as pobas, adipois aproximei passo a passo mais um poquinho, encostei o cano da rabo de cutia num palanque de cerca qui tinha ali, contei deis pombinha, mirei bem na cabeça dela e madei fogo. Há cumpadri, foi um istrondo danado e as coitada num tiveram tempo nem di pensa em avuá, caíram na fumaça, aí foi só cata as bichinha coloca no imborna e vorta pra casa, e foi u qui fiz. mas quando tava pegano uma das urtima vitima abatida, iscuitei um zunido parecido com abeia europa. Achei istranho aquilo e parei um pouco pra assuntá si havia argum inxame di abeia por perto. Cumpadri du céu, pra incurtá o causo, foi só intão qui apercebi qui tinha errado na contagi das pombinhas, num era vinte não, era só dezenove i o baruio era do chumbinho a mais qui tinha posto na espingarda e qui tava zunindo qui nem doido procurano sua pomba. Pode umas coisas dessas cumpadre.

Será por essas e outras que reza o ditado: em caçada e pescaria, só mentira que sai. Será mesmo compadre!

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 03/09/2012
Reeditado em 03/09/2012
Código do texto: T3863986
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