Antônio de Argemiro era um cachoeirense viajado, o homem se gabava de ter conhecido metade do Brasil. Agora você quisesse vê-lo bravo era falar no Rio de Janeiro. Perguntar pelo Rio era comprar briga com esta figura. Só bem tarde quando me tornei adulto é que conheci a causa.
     Pois bem. Estava Antônio no final dos anos 70 em pleno Rio de Janeiro, época de um frio intenso e bem agasalhado, vestido com uma enorme capa plástica preta, caminhava pelo centro da famosa cidade. Antônio comera muitas coisas nesta noite, e lá pelas nove horas em plena rua suas tripas começaram a se torcer num sinal de eminente dor de barriga.
     Apertado pela dor crescente buscou e não encontrou local para desafogar seu infortúnio. Como estava vestido com uma enorme capa e já telegrafado as tripas pro velho bocal, Antônio tirou as calças, a cueca e ficou nu acocorando-se em um local mais reservado, ali, passou a desenhar os traços de uma rua carioca. Pouco tempo depois passa uma viatura policial e ao notar aquele homem acocorado a rabiscar o chão caminham para ele a fim de saber do que se tratava. Ao chegarem perto já o indagaram.  
    - O que você esta fazendo aí rapaz? Perguntou uma das praças.
     Antônio respondeu imediato.
     - Nada não senhor. Só tou desenhando o Rio de Janeiro – respondeu desconfiado já tendo terminado a cagada.
      Um das praças veio até os rabiscos olhou com atenção e completou.
      - Você desenha bem. Mais tá faltando algo.
     Encabulado Antônio perguntou.
     - E o que seria?
     A Praça respostou.
     - O Pão de Açúcar. Não o vejo. Onde ele está?
     Ficando Antônio de pé a dar dois paços para trás Respondeu.
     - Está aqui – disse apontando pro chão para o local aonde antes estivera.
      ...
     Foi à maior sova que um paraibano levou de um carioca. Mais cá entre nós. Mereceu.