Um triste domingo
Theo Padilha
Esta triste história, foi acontecer no dia 27 de setembro de 1992. Na cidade de Joaquim Távora, cidade do norte velho paranaense. Nossa cidade sempre foi famosa pelas suas disputas políticas. Às vezes nós atribuímos certo atraso no seu progresso dado a falta de união de seus habitantes. Quando as grandes famílias são divididas. Uma casa dividida sempre dá em nada. Irmão contra irmão. Cunhado contra cunhado. Assim são os políticos. Como na dança da quadrilha. Estão todos juntos e uma cobra, uma ponte, uma chuva, troca todo mundo de par.
Naquele domingo haveria um comício monstro no bairro do Joá, distrito de Joaquim Távora, por conta da turma de Mauro França. Toda a cidade estaria lá. O seu candidato contrário era o Marcos Vieira.
Josué, um menino esperto, que já queria ganhar o seu dinheirinho tinha acabado de ganhar de seu pai um carrinho para vender pipocas e cachorro quentes. Era o filho mais velho do Dorival. Tinha mais dois irmãos. Estava todo feliz.
─ Pai, amanhã nós iremos ao Joá vender cachorro quente e pipoca? – perguntou o menino para o seu pai. Um rapaz que se aposentou cedo por problemas de saúde e vivia praticamente daquela renda.
─ Claro que iremos filho. Até já providenciei tudo. Arrumei até um caminhão que levará o nosso carrinho. Não sei se tua mãe vai deixar nós levarmos o Jessé e o Ederson para nos ajudarem!
─ Ah! Pode deixar eu dou conta do recado!
No domingo de manhã estava toda a população na praça da cidade em busca de caronas que os levassem. Os líderes políticos iam distribuindo as pessoas para as conduções. Josué e seu pai foram para o caminhão que os levaria. Carregaram suas coisas com cuidado e logo o caminhão ficou cheio de gente. E se foram com destino ao Joá.
Mas bruxa andava solta naquele dia. Assim que saíram do asfalto e andaram alguns quilômetros numa péssima estrada de terra, enfrentaram uma descida perigosa e cheia de curvas. O motorista perdeu a direção e o caminhão com toda aquela gente foi se despedaçar no riacho que passa naquela grota.
Toda a gritaria foi agora trocada por um lúgubre silêncio depois da batida. Só se ouvia gritos e gemidos. Havia muita gente desmaiada. Outros gritavam por amigos ou parentes. Um cheiro de gasolina cobria toda aquela dantesca cena. O pai de Josué estava caído com um profundo corte na nuca. E gritava pelo menino.
─ Deus do Céu, onde está você, meu filhinho?
Um amigo disse:
─ Ele está ali... Morto! – O pai ficou inconsolável abraçado ao corpo do menino de 12 anos.
Aquilo foi terrível. O menino estava caído ao lado de seu carrinho todo amassado. Logo adiante estava o corpo de seu Chiquinho, um senhor muito querido na região. Morto também. Dois mortos e muita gente ferida. Esta página vai ficar para sempre guardada na memória dos tavorenses. Que triste domingo.
Joaquim Távora, 23 de agosto de 2012. By Theo Padilha©