PERIGO...

Theo Padilha

Depois de 1978, acho que já posso contar a história de dois amigos que trabalhavam quase juntos em uma companhia de asfalto. Waldomiro era motorista. Sua responsabilidade era carregar a equipe do Zé do Fogo em todas as realizações que ele fosse chamado. Ele dirigia um velho caminhãozinho Ford. Casado, pai de vários filhos. Tinha vindo de Quatiguá-Pr, onde depois fora delegado. A nossa empresa ficava às margens da rodovia que saía para Santo Antonio da Platina, na cidade de Joaquim Távora. Trabalhar naquela companhia nos dava status. A pioneira do asfalto do Norte Pioneiro. Ganhávamos bem e éramos muito felizes.

Eu acabava de chegar de Sampa, onde me arrependi por ter ido lá morar. Um grande amigo de infância que trabalhava no almoxarifado da Cavalcanti & Junqueira me indicou para a vaga de auxiliar de almoxarife. Apesar de não entender nada de peças, pois nem motorista eu era, fiquei no almoxarifado mesmo, acompanhando o meu amigo. Comecei a atender o rádio amador da empresa.

─ Atenção 6548 é 348 chamando, câmbio! - Nunca me esqueci desses números. Eu gostava do que fazia. Só que como não conhecia peças, às vezes, sempre pagava mico.

─ Sebastião! – Pedia o seu Paulo Mecânico.

─ Quero um virabrequim!

─ Por favor, Paulo, pegue para mim, estou meio ocupado com esse rádio! – O mecânico entrava e pegava, eu só ficava olhando para aprender o que era aquilo. E assim foi muitas vezes. Eu não sabia que se sumisse uma bomba injetora do Mercedes Benz, eu teria que pagar um alto valor.

Outro fato marcante era quando o Engenheiro, querido Dr. Cela, jogava as chaves para eu buscar o seu Corcel verde na oficina. Eu tinha medo de dizer que não dirigia e levar a conta no nariz. Nunca disse. Corria lá e pedia para o Cidinho ou André levar o carro para mim.

Eu e o Waldomiro vivíamos juntos. Jogávamos futebol. Eu sempre requisitava o seu caminhão para os meus passeios. Íamos a Quatiguá buscar carnes para a cozinha. Eu era quem abria o rancho onde ficavam todos os explosivos da obra. E lá ia eu e Waldomiro. Conforme o pedido do Zé do Fogo, nós lotávamos o caminhão de dinamite Britanite e cordéis de fogo. Em Quatiguá tomávamos umas cervejas. E com o caminhão carregado sempre corríamos atrás dos bicheiros para fazer jogos de bicho. Nem pensávamos no perigo que levávamos no caminhão. Circulávamos pela cidade toda. Aconteceu até de tomarmos chuva, com raios, que podiam explodir a cidade com aquela carga. Ainda bem que os anjos guiavam os nossos passos.

Joaquim Távora, 28 de julho de 2012. By Theo Padilha©.

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 28/07/2012
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