A TRAPAÇA TEM PERNAS CURTAS

Ela era uma menina criada com mimo, mas num rígido sistema familiar, filha de um homem de origem europeia, trazia a família num cortado e religioso como era, todos os domingos a primeira tarefa da família era ir a missa e nem que chovesse canivete ele não abria mão deste compromisso.

A filha cresceu, ficou mocinha e logo começaram aparecer os gaviões e por sorte, a menina enamorou de um bom rapaz, crioulo do lugar, mas de boa família, muito conhecido por todos e o pai acatou de bom grado aquele namorico, porem impôs uma condição: o rapaz teria que participar da missa.

A tarefa era árdua, apesar dos pais católicos, devotos de Nossa Senhora e ter por tradição todo ano fazer a festa de São João com fogueiras, a reza do terço e a comilança, o rapaz não tinha o costume de participar do Santo Oficio, e ouvir o sermão daquele padre alemão era coisa que cansava seus ouvidos.

Diante da condição imposta era preciso bolar uma estratégia para que o namoro continuasse e foi assim que ela fez a seguinte proposta:

__ Vamos a missa, levo comigo uma alfinete, cada vez que você cochilar eu lhes dou uma espetada, você acorda e ninguém percebe.

Sem alternativa assim ficou combinado, no domingo, la estavam eles na missa, logo que o padre começou a sermão, veio o sono, o atento padre percebe que o rapaz estava cochilando, na tentativa de acordar o dorminhoco, chegou bem próximo e perguntou:

__ Meu jovem saber responder quem nos crriou?

A menina discretamente dá-lhe uma espetada e ele num sobressalto diz:

__ Ai meu Deus!

Resposta dada e correta o padre tece alguns elogios ao rapazote e segue a homilia, novamente vem o cochilo, e de novo o padre aproxima e pergunta:

__ Muita bem, muita bem a moço agorra poder dizê quem ser nosso Salvador?

Nova espetada e no sobressalto a reposta:

__ Ai Jisuis!

Tudo corria conforme o combinado e até o sogro se enaltece com a resposta e o padre cobre os rapaz de elogios, seguindo o sermão não demora para o rapaz cai no cochilo novamente e o padre já um tanto quanto perturbado novamente faz outra pergunta:

__ I nosso teólogo saber dizer agorra que disse Adon para sua murrer Eva no parraíso:

Nova alfinetada da namorada e parece que desta vez ela errou na dose, o rapaz perdeu o controle e esquecendo do trato feito, responde com a voz alterada em alto e bom tom:

__ Si mi ispeta mais uma veiz cum essa porcaria ti meto a mão na cara. Vice!

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 26/07/2012
Código do texto: T3798980
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