A vida do mineiro
 
Lá no meio de sua grota, sentado na soleira da porta, ficava o mineiro sozinho de noite.
E o mineiro lembrava dos tempos de menino, quando ia com os companheiros pescar o lambari no córrego cristalino.
O mineiro lembrava das cavalgadas no alto das serras, do sol quente do meio-dia no serviço na roça e da geada quando acordava cedo de madrugada.
E ficava o mineiro enrolando seu cigarro de “páia” e os meninos sentavam junto com ele.
“Conta um ‘causo’ pai”, pediam eles.
E o mineiro contava do lobisomem, da Mãe d’ouro, de Jesus e Pedro andando pelo mundo, do caboclo d’água e muitas outras histórias que faziam os meninos sonharem.
E a noite ia ficando alta, e os meninos iam “drumi”.
“Bença pai, bença mãe.”
E ficavam só o mineiro e sua companheira, juntos de braços dados, tomando uma caneca de café quente feito no fogão de lenha.
E chegada a hora iam eles para cama também, agradecendo a Deus e a Nossa Senhora a vida e a saúde que tinham.
E lá no céu as estrelas brilhavam sem concorrência nenhuma com luz elétrica, e a vida era dura, e a vida era boa.

 
Luciano Silva Vieira
Enviado por Luciano Silva Vieira em 19/05/2012
Código do texto: T3677006
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