O CAIPIRA E O ASSALTANTE
Zé Bilingote era um caipira pra La de analfabeto medroso que dava dó. Seus pais viviam num grande dilema com a fobia do filho que parecia ser doença, nada podiam fazer para amenizar o problema do filho, porque também eram analfabetos e morando isolados da sociedade, não contavam com a ajuda de ninguém, nem mesmo os padrinhos do Bilingote que moravam na cidade, apesar de ser gente boa e solidária não dispunham de recursos financeiros suficiente para ajudar o afilhado. O Maximo que puderam fazer era acolher-lho na cidade de quando em vez que os compadres o mandavam à cidade levando ovos, galinhas e alguns apetrechos artesanais, que fabricavam e eram trocados por bens de consumo, gêneros de primeiras necessidades. Hospedado na casa dos padrinhos; Mariinha a filha mais velha de sua madrinha o acompanhava orientando na venda dos objetos e na compra daqueles recomendados pelos pais. Bilingote com seu corpalhão pesando pra mais de cem quilos, tinha medo de tudo que era inseto borboletas, baratas, besouros, mosquitos. Animais então nem se fala ele chegava a molhar as calças, tamanho era seu pavor.
Certo dia numa viagem, ao chegar à cidade bem na entrada havia um pequeno e belo riacho de águas cristalinas que rolavam sobre um tapete de areia branca e pedrinhas coloridas, lá estava uma multidão de borboletas coloridas numa verdadeira festa ecológica, ora sobrevoando o espelho cristalino do riacho ora pousando na areia aquecida pelo sol espalhada bem na entrada da travessia na qual ele teria que passar de calças arregaçadas até o joelho. Em principio o caipira recuou, depois tomou coragem e avançou sobre elas com seu companheiro inseparável um chicote de couro de boi. Trinta e três ficaram mortas, e o restante fugiram apavorados com os estalos do reio.
Chegando à casa da madrinha contou sua façanha para Mariinha pedindo a ela que escrevesse algo sobre sua valentia. Ela escreveu com letras xerografadas na aba de seu chapéu dobrando-o como chapéu de cangaceiro: “Zé Bilingote matou trinta e três e enrolou o resto no chicote.”
Chegaram ao centro da cidade estava à maior confusão armada, na porta de um estabelecimento comercial, um marginal que vinha aterrorizando a cidade estava lá dentro com um comerciante aprisionado o ameaçando com uma faca no seu pescoço exigindo certa quantia em dinheiro em troca de sua liberdade. Bilingote apesar de xucro e medroso era muito bisbilhoteiro. Foi meter o nariz onde não foi chamado. Ninguém até mesmo os policiais presentes se atreviam a entrar naquele recinto. Preservando a integridade do comerciante.
Com a chegada daquele homenzarrão corpulento parecido cangaceiro exibindo os dizeres escritos no chapéu, a multidão se alegrou o aplaudindo e gritando que estavam salvos que acabara de chegar o justiceiro. Lá de dentro o marginal assustado julgando ser um famoso justiceiro que assombrava o sertão, jogou a faca no chão e saiu de mãos para o alto ao ver a escrita no chapéu do matuto ajoelhou pedindo clemência. Os policiais entraram em ação algemando o terrorista. Ninguém notou a tremedeira do Bilingote estavam todos com a atenção voltada para o criminoso.
Os familiares da vitima agradecidos correram para o caipira tecendo elogios e demonstrando gratidão. Quiseram recompensar o Bilingote perguntando o que ele desejava que fizessem por ter salvado seu ente querido... --Uai intonce seno cocêis acharo bão o qui ieu fis, ocêis mim dá logo um terno de ropa mode ieu me banhá La no riacho, e tirá essa ropa breiada fidorenta qui ieu borrei nela! Acho inté quessa num vai prestá mai pruquê da fidida dimai da conta! Pode mim dá ua de sigunda mão memo qui danado de bão!