O PEIDO DA ROSINHA

Como quem ao mundo se predestina

Apenas Rosinha, linda flor em botão

Nem mulher, nem moça e nem menina

Diria uma mulher ainda em formação,

Entretida, certo dia subia o espigão

caminhando e saltitando pelo carreador

Cantando alegre uma linda canção,

que contava um belo causo de amor.

Ora assobiava, ora pulava ou cantarolava

Mas só, estava caminhando a Rosinha

O motivo de tal alegria ninguém atinava

Fazia parte de um segredo que tinha

Era assim a vida naquele solitário recanto

Onde se vivia plenamente a cada segundo

E Rosinha, apesar de todo o seu encanto,

A coitadinha parecia tão só neste mundo.

Era a caçula de uma grande família

Perdeu a mãe era ainda uma criança

Criada pelos irmãos, cresceu a revelia

E da mãe trazia apenas vaga lembrança

Não era criança e nem adolescente

Talvez naquela idade ainda indefinida

Mas sentia no corpo algo diferente

Não sabia que era o desabrochar da vida

Longe dos olhares de cobiça dos moços

Sentiu se a vontade , tão só a caminhar

Levantou a saia bem acima do pescoço.

A cada salto, um peido bem alto no ar.

Contando um a um quando ao décimo pressentiu,

Que do mato vinha um barulho esquisito

Baixou rapidamente o vestido, as pernas cobriu.

Ao olhar para traz, la estava o negrinho Benedito

O menino contemplando aquela belezura,

não cabia em si, estranho contentamento.

Criança ainda, mas menino em formatura,

não sabia a origem de tal comportamento

Inerte contemplava a menina, alegre a sorrir.

Corada de vergonha então ela perguntou

___ Estrupício de menino, porque estais a me seguir?

___ Quanto tempo faz que você me acompanhou?

Embora com medo, mas por pura malvadeza,

mostrando os alvos dentes, de longe sorrindo,

foi dizendo à rosinha, linda flor camponesa:

__ Desde primeiro peido eu estou te seguindo

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 21/03/2012
Reeditado em 21/03/2012
Código do texto: T3568072
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