PANIS ET CIRCENSES (Conto destinado aos confrades do forum barbearclassico.com)

Num exercício forçado de imaginação, leia e tente aceitar o teu destino nesta estória.

Você acabou de acordar e descobriu que é uma cerda. Isso mesmo, um pelo retirado de algum suíno. Suíno esse nascido em um chiqueiro industrial, num país ao sul da Mongólia.

Das lavagens a que foi submetido e do transporte até o porto você só tem a lembrança de que tudo foi suado e difícil. Muitos dos teus parentes (as outras cerdas retiradas do mesmo porco) ficaram pelo caminho.

Aqui no porto a vida também não é tão boa assim. Você está como que amarrado com outras cerdas. E dentro do container, a temperatura já vai amaciando o teu corpo.

Semanas mais tarde e depois de passar por vários portos você é descarregado em algum lugar de clima temperado. Dali, é rapidamente levado para um outro tipo de transporte. Então você percebe que dá pra ouvir o que o motorista e seu ajudante conversam.

Você tenta entender o que eles dizem, mas isso é impossível. É uma língua com um ritmo diferenciado. Ritmo bom de ouvir.

Você, uma cerda que fala alguns dialetos fica imaginando se terá tempo de aprender essa nova língua. Não dá pra saber o que vão fazer contigo. Nenhuma cerda voltou ao chiqueiro para contar.

Mas algumas lendas ouvidas nos tempos de chiqueiro diziam que o eldorado de uma cerda eram uma boa vida com trabalho e lugar próprio para descanso e diversão.

Uma cerda nunca vai saber, mas há seres humanos que vão a guerra por isso...