Nato pensador

Hoje à noite, fui à igreja acompanhado por um garoto de 8 anos. É praxe dos administradores da igreja a recomendação para que crianças estejam em uma sala onde elas terão um formato de culto adequado pra cada faixa etária. Antes do culto começar eu expliquei ao garoto para onde ele deveria ir, mas ele retrucou e prometeu comportar-se educadamente. Como não era a primeira vez que eu participava com ele de eventos com muitas pessoas, eu acreditei nele. Um menino muito observador, às vezes inquieto, dedicou atenção de um fiel ao culto. Louvamos, cantamos, oramos. Na leitura da bíblia, utilizou-se como texto base para a pregação Gênesis 4:1-15, aquela estória em que Caim assassinou Abel. Eu olhava algumas vezes para o menino, ele nem piscava, seus olhos fitavam magneticamente o pastor. Após minha última olhada eu pensei: "Mais uma engrenagem para essa máquina..." Ao término do culto não esperei chegarmos até o carro e perguntei-lhe: "Gostou da noite aqui?" Ele respondeu entusiasmadamente: "Sim, quero vir outra vez." Eu refleti: "Puxa, como eu gostaria que você quisesse fazer a diferença..." Depois que entramos no carro eu sondei o garoto sobre o que ele havia gostado mais no culto. Ele disse que as histórias que o pastor leu foram muito boas. E o garoto terminou dizendo: "Tio, se Caim e Abel, cada um tivesse um quarto e uma televisão, talvez, um não teria matado o outro. Funciona comigo e meu irmão." Ouvir isso me causou uma forte surpresa, e ainda não sei se realmente foi espanto ou alívio, pois até então eu não conhecia qualquer criança que fosse capaz de pensar por conta própria. Não consegui mais falar sobre o culto com aquela criança. Quando eu voltava sozinho para casa, o que aquele menino havia dito furtava meus pensamentos. Enquanto eu trocava de roupa ri abruptamente. Ora, meu senso crítico foi estimulado perto dos 20 anos, quando eu estava na universidade, e aquele garoto, com um vocabulário infantil, pensou criticamente, e o melhor de tudo: sozinho! Que maravilha! Esse menino precisa de todo amor do mundo e de muita educação, porque pensar ele já faz melhor que muitos adultos.

J K Alves
Enviado por J K Alves em 18/03/2012
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