O CUMPADRE MISTERIOSO
O caro amigo leitor pode achar um tanto quanto esquisito o fato que se segue pois como dizem, hoje o sertão ta mudado, e com razão pois a tempos atrás as coisas eram bem diferentes, o verdadeiro caboclo não se preocupava muito com a questão do saneamento básico, haja visto que foi a muito custo que o homem do campo aderiu aos cuidados sanitários de sua residência construindo as então “privadas” ou “casinhas”, local onde faziam suas necessidades que até então era feitas atrás da bananeiras, ditados populares para o homem do campo que sempre defecava atrás de alguma moita no campo, as escondidas do olhar humano, mas sempre nas redondezas de sua residência.
O tempo passou e graças as orientações e educação dadas sobretudo nas escolas rurais, hoje o quadro é diferente. Mas naqueles confins de meu Deus, um lugar retirado da civilização, em sua pequena propriedade rural viviam uma família tradicional, o marido a esposas e seu bando de uns seis ou sete barrigudinhos, uma escadinha como dizima por lá.
Por lá também morava um homem de poses e, embora não fosse tão ligado as rezas e as missas que pelo menos uma vez por ano o padre da cidade aparecia por lá pra dizer, era padrinho de batismo da maioria das crianças do bairro, então o compadrio se tornou tão forte e que todo os conhecia por Compadre Otaviano, mesmo aqueles que não tinham este laço.
Verdade que Otaviano era um homem excêntrico, não respeitava as plantações de ninguém e, folgado financeiramente, andava pelas redondezas, visitando os compadres para um bate papo em dias de semana, sempre montado num belo cavalo tordilho e não conhecia estadas, andava pelo meio das lavouras e nunca se sabia de que lado e nem quando o compadre poderia aparecer, porem ele sempre aparecia e as vezes no momento menos propícios para tal e o que o tronava mais misterioso ainda era que nem os cachorro dava alarme de sua chegada, tamanha a sua popularidade no bairro.
Certo dia comadre entretida no trabalho quando sentiu umas cochadas na barriga, olhou para um lado, olhou para outro, silencio completo, nem sequer os meninos por perto que com certeza estavam entretidos em suas traquinagem, resolveu dar um corridinha até as proximidades de uma moita de arruda no fundo do terreiro onde, agachando e cobrindo ao derredor com a enorme saia do vestido, pode se aliviar.
Estava ainda extasiada a contemplar aquele momento de puro prazer pois lembrando aqui uma saudosa comediante que interrogada por um repórter sobre as melhor coisa da vida disse: “Não ha nada melhor do que comer e cagar”, quando este seu momento é quebrado pela forte voz do compadre:
___ Dia comadre,! Cadê compadre?
De surpresa surge o compadre Otaviano, a mulher permanece agachada no terreiro, agora não podia se levantar, pois estaria apresentando ao compadre o monte do produto que acabará de fazer.
Por sorte dentro de uma meia hora de conversa, o marido aparece, havia ido até o roçado buscar algumas abóboras para tratar dos capados, o compadre deixa a comadre, vai até o mangueirão e ela aliviada, agora pode se levantar e voltar aos seus afazeres do dia a dia.