PARA A PROFESSORA NÃO PULAR CERCA
Era ano eleitoral e o medico daquele posto de saúde, depois de uito relutar em se candidatar a prefeito duela cidadezinha do interior, mas como era um forte candidato e com chances de vencer o pleito, acabou se rendendo aos apelos dos políticos da situação e registrou sua candidatura.
Popular como era e atencioso sobretudo nas consultas que realizava, como tinha apoio da situação, apesar dos piripaques da oposição, como naquele tempo as leis eleitorais ( se é que existem de fato nos dias de hoje) não eram tão rígidas, sendo correto ou não, era no consultório que fazia a sua campanha.
Aquele povo da cidade, dos mais simples aos mais letrados, sempre o procuravam com a desculpa de consultar, mas lá no consultório, somente a dois, era que saiam os pedidos, reivindicações estas que ele tinha o costume de escrever num pedaço de papel um bilhetinho como lembrete, deixar sobre a mesa do consultório sob o pretexto de não esquecer e de seu jeito carismático, sempre lembrava o paciente:
___ Tá bão, tá bão nenen, não esqueça do dotor no dia da eleição, que o dotor não esquece de vocês.
O paciente ia embora satisfeito ignorando que tudo aquilo era pura enganação, pois assim que terminava o expediente, deixava tudo lá e as funcionárias de limpeza acabava jogando no lixo sabendo que no outro dia, a historia repetiria, porem sempre que possível e como a curiosidade faz parte do crescimento humano, corriam o olhos nos bilhetes e dentre estes um chamou a atenção.
Era o pedido de uma professorinha que reclamava das péssimas condições de acesso a escola na zona rural em que lecionava e realmente a pobre sofria para chegar até seus alunos, a escola ficava no meio da invernada de uma fazenda, e para chegar até lá ela precisava deixar o seu carro na casa do administrador e seguir a pé, passando por varias cercas de arame farpado.
Entendendo ser justa a reivindicação e como sempre, prometendo uma solução para o caso, escreveu no papel:
___ Providenciar porteira para a Escola da Fazenda Santa Rosa para a professorinha não pular cerca.
Ele foi eleito e no ano seguinte, por falta de alunos, a escola foi desativada e anos mais tarde, demolida.