O CACHORRO E O LOBO
Mudaram para aqueles cafundós, em pleno sertão, uma família de desbravadores e como não podia faltar, alem dos pais e sua prole, algumas cabeças de gado, cavalos para a lida no campo, os gatos para vigiar a tulha e o cão de guarda, este sempre preso a corrente durante o dia e solto a noite, momento em que precisava de maior habilidade e agilidade para guardar bem aquela propriedade.
Conta-se que certa noite o cachorro acabou esbarrando com um lobo faminto que viera ate aquele lugar levado pelo cheiro de comida farta, pois naquele dia haviam matado um capado, costume dos sertanejos que lhes rendiam, alem da carne, a gordura para o preparo dos alimentos do dia a dia.
Na procura por comida o lobo acabou se esbarrando com o cachorro que num primeiro momento tentou enxotar o intruso de seu território, porem por serem da mesma linhagem, em pouco tempo se tornaram amigos, o lobo não bulia no que era proibido e nem o cachorro o enxotava, assim passaram a ser bons amigos. O lobo admirava o cachorro por estar sempre gordinho e com os pelos reluzindo, sinal de fartura, enquanto ele, alem de magricela, trazia nas pelagem as marcas do sofrimento, pelos grosso, arrepiados e mal tratados. Certo dia, com muita fome reclamou ao cachorro da vida miserável que levava, o cachorro penalizado com a história do amigo, o convidou para morar na casa do patrão, alegando que este era um homem bondoso e que o tratava com muito carinho, não deixando faltar comida em seu comedouro.
O lobo maravilhado com a promessas, acabou por acompanhar o cachorro até a residência e foi no clarear do dia, um esfolado que o cachorro tinha no pescoço chamou a a tenção do animal selvagem, curioso e ressabiado, perguntou motivo de tal ferimento e foi informado pelo amigo que aquilo era sinal de uma coleira, pois passava o dia todo amarrado a uma corrente e só era solto a noite para a guarda da casa.
Ante o que ouviu do amigo, o lobo agradeceu a boa intenção mas recusou a acompanhá-lo ate o seu dono, o cachorro não compreendendo tal recusa, ainda tentou argumentar, ao que o lobo simplesmente justificou:
___ Prefiro uma vida com dificuldade em liberdade a toda riqueza do mundo na prisão.
E mais que depressa, deu no pé, retomando a sua liberdade mata adentro.