PERU DE NATAL

Geralmente na semana que antecede o Natal, a procura por perus é muito grande. Por toda a cidade em pontos estratégicos surgem verdadeiras levas de vendedores dessas aves, tão apreciadas nas ceias de Natal e de fim de ano.

Faltavam apenas dois dias para o Natal, “Zé de Laura” conhecido marginal do sub mundo da minha cidade, percorria calmamente um das avenidas de um bairro chique da cidade, carregando em baixo do braço um vistoso peru..

Zé de Laura sabia perfeitamente onde fazer a entrega, num “pule de jogo de bicho” estava anotado o endereço e o nome do proprietário da casa. Zé chega ao endereço procurado, antes de tocar a cigarra, confere o número para se certificar, não havia dúvidas era ali mesmo o endereço, Zé se aproxima e calca a tecla do interfone, e. . .

- Quem é ? Perguntou uma voz feminina

- Eu preciso falar com a dona Carmelita !

- Qual é o assunto ?

- Eu venho entregar um peru que o Dr. Paulo mandou !

- Um minutinho, vou chamar D. Carmelita !

A empregada vai chamar a patroa, e minutos após:

- Pois não !

- D. Carmelita eu venho entregar um peru que o Dr. Paulo

mandou !

- Pode entrar moço ! Falou D. Carmelita calcando a tecla do

interfone

Zé de Laura entra se dirigindo para um terraço onde D. Carmelita lhe esperava. O marginal entrega o peru, e. . .

- D. Carmelita, Dr Paulo mandou lhe avisar que hoje irá

almoçar com o governador do Estado ! Ele pede para a

senhora mandar o seu terno completo, o sapato novo e a

abotoadura de ouro !

- Tudo bem, aguarde um instante que vou apanhar !

Minutos após D. Carmelita retorna trazendo num embrulho tudo aquilo que Zé de Laura havia solicitado, e. . .

- Pronto, esta tudo aqui !

- Obrigado dona ! Falou o marginal se afastando

As 12h30 como fazia todos os dias, chega Dr. Paulo para almoçar, a mulher quando viu o marido perguntou surpresa:

- Paulo porque você não foi almoçar com o governador ?

- Que governador Carmelita ? Você esta ficando maluca ?

- Oxente homem, hoje pela manhã você não mandou deixarr um

peru aqui em casa, como também pediu para eu entregar aio

portador a sua roupa nova, dizendo que ia almoçar com o

governador ?

- Peru, que peru mulher ? Eu La mandei “danado” de peru e

muito menos apanhar roupa aqui em casa !

- E agora Paulo ? Perguntou a mulher aflita

- Nós fomos roubados mulher ! Ainda bem que esse Benedito

ladrão deixou este peru ai ! Pelo menos vamos amenizar o

prejuízo !

Dr Paulo ficou tão aborrecido com o acontecido que nem almoçou. Depois do almoço disse a mulher que iria até uma delegacia para prestar queixa. Qualquer novidade ele telefonaria para casa avisando.

D. Carmelita passou boa parte da tarde junto ao telefone a espera de qualquer notícia sobre o ocorrido.

Por volta das 16h a empregada da casa procura D. Carmelita para lhe informar que havia uma pessoa no interfone que desejava falar com ela, D. Carmeliuta vai até o interfone, e. . .

- É a Carmelita, quem deseja falar ?

- D. Carmelita eu sou um portador do Dr. Paulo, eu tenho um

recado para a senhora!

- Pode entrar meu filho !

O portador era um comparsa de "Zé de Laura". Este vai até o terraço onde se encontra com D., Carmelita, e. . .

- D. Carmelita eu trabalho com o Dr. Paulo, ele mandou lhe avisar

que o ladrão já foi preso e se encontra na delegacia e que a

senhora mandasse o peru !

D. Carmelita manda uma das suas empregadas pegar o peru que estava solto no quintal e entrega ao marginal.

Às 19h00 chega Dr. Paulo para jantar. A mulher com um riso de felicidade estampado no rosto, que ia de orelha a orelha, se aproxima do marido, e. . .

- Que sorte a nossa hem Paulo ! Você num instante conseguiu

pegar o ladrão !

- LADRÃO ! ! ! Que ladrão mulher ?

- O do peru HIOMEM !

- Quem falou que eu havia prendido o ladrão ?

- OXENTE PAULO, você não mandou apanhar o peru aqui em

casa, dizendo que o ladrão já estava preso na delegacia ?

- EU ? ? ? Nós fomos roubados novamente, sua DANADA ! ! !