O MOTORISTA DA JARDINEIRA

Finalmente os sinais do progresso foram chegando naquelas paragens , as longas viagens de carro de boi ou carroça que demoravam quase um dia para ir do pequeno povoado até a cidade grande estavam dando lugar aos veículos motorizados, embora poucos na região, mas já não sofria tanto para procurar recursos no centro maior pois a Jardineira passava duas ou três vezes pelo povoado e ela carregava de tudo, desde malas e malotes até pequenos animais e engradados de aves que o sertanejo levava a cidade grande para vender enfim aquele povo sofrido naquele canto de mundo estavam vendo o progresso chegar, alguns mais afoitos ate profetizavam o fim dos tempos vendo as coisas evoluírem tão rápido.

Apesar da melhoria e comparação com tempos passados, o caboclo ainda existiam muitas dificuldades e muita coisa para ser feita pois, enfrentar uma auto estrada cascalhada e pelo movimento que tinha não era nada facil nos períodos de longas estiagens, a poeira era infernal, já no período das águas era comum ver os caminhões, carros e jardineiras atoladas nas baixadas dos estradão e, como se dizia, estava tudo muito bom mas a pavimentação da rodovia melhoraria em muito a vida de todos ate que finalmente a estrada foi pavimentada e o negro do asfalto acabou com a poeira e com os solavancos das jardineiras, alem do que o tempo de viagem foi diminuído consideravelmente pois com a perfeição da pista, os veículos atingiam agora uma alta velocidade, o que deixou os caboclinhos da região orgulhosos e a estrada boiadeira agora passou a ser chamada de “estrada oficial”, não por ser uma rodovia estadual e simplesmente pelo fato de ser pavimentada.

Numa bela noite de verão no encontro entre os vizinhos que sempre acontecia na casa de meu pai, pelo fato de meu avo ser um homem idosos, segundo diziam, já passava dos cem anos, porem lúcido e contando causos dos bons, mas não podia andar a noite, pois pelo peso da idade tinha dificuldade em deambular e como não podíamos deixá-lo sozinho,m todos se reuniam na casa de meu pai, Totonho, um dos moradores e conhecido loroteiro do bairro estava presente. Ele havia feito uma viagem a cidade grande e estava maravilhado com a evolução do transporte naquela região, pondo-se a elogiar exageradamente a rapidez e o conforto das novas jardineiras, eogios dos quais nem motorista do coletivo escapou:

___ ... Puis num conto procêis, motorista bom tava ali, a jardineira ia a mais de cem por hora, rodano macio naquele estradão quando a uns deis metros na frente saiu do barranco uma porca com uns deis leitãozinhos atrais e entrou na oficiar, u motorista, homi muito pacienciosos e carmo, não si apavorô, quando viu aquilo a sua frente, oiou pra trais e gritou “Segura firme que eu vô brecá” quando ele falo assim, eu já joeiei no banco e ele breco, a jardineira raspo os pneus e parô bem incostado na porca cós leitãozinho que passava bem devagar de um lado pro outro da istrada, como si nada tivesse aconteno. Passado o susto, o mototista oiô pra trais e pirguntou “Arguem aí si machuco?” Como todo mundo fico quieto ele disse: “ Pois é! Tamem num matei a porca. E ingatô a marcha acelero di novo e chegamo todos são e sarvo na patrimônio. Eita tá chofer bão o dessa jardineira sô!

Todos ouviram em silêncio ate o final do causo e ninguém ousou questioná-lo, afinal de contas era apenas mais uma das boas que o Totonho costumava contar e todos já sabiam, as rezas das beatas do bairro e as mentiras do Totonho eram igualzinho canjinha de galinha, não faziam mal a ninguém.

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 07/12/2011
Código do texto: T3377456
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.