O CUMPADRE E A FAROFA DE PODERES
Não vejo futuro em nossas instituições políticas. Existe uma proposta de reforma política em alguma gaveta que, se aprovada, não muda quase nada desse “esquema” de corrupção que trava até os ideais políticos de nosso povo. Vivemos uma fase em que nossa juventude idealista foi travada por uma força invisível chamada de poder paralelo ou mídia patrocinada pelo BNDES ou pelo próprio capital que não quer mudanças no “esquema”.
Se alguma ala de nossa sociedade conseguir fazer uma manifestação pública de grande volume, coisa nefasta para os que vivem do bem público; essa manifestação será invadida por “sens” da vida e haverá saques, depredações e os próprios manifestantes ficarão falando ao vento.
Somos livres e vivemos numa democracia plena, assim fala nossa nefasta constituição onde penso que não está escrito, repito, não está escrito que um ladrão filmado embolsando dinheiro público deve ficar livre esperando julgamento. A história do mensalão e a turma do governo do Distrito Federal embolsando dinheiro público me tiraram do sério. E o filme continua como se fosse uma novela, novela essa que na televisão tem fim e os maus meninos pagam por seus erros. Depois da ditadura, nosso falso filme democrático parece um terrível filme de terror para pessoas que acreditam nas instituições. Agora, para a maioria dos vereadores e prefeitos Brasil a fora, a maioria dos deputados estaduais e governadores Brasil a fora, para a maioria de nossos congressistas, parece aqueles filmes infantis tipo Alibabá e os quarenta ladrões. Só que o Alibabá roubava dos ricos para distribuir para os pobres; a maioria de nossos políticos faz o contrário, tomam do contribuinte que trabalha duro para manter esse país. Já estou cansado de ouvir: “Viu a nova fazenda que o Senador comprou? Viu o tamanho do prédio que o deputado está fazendo?” Mas ninguém fala e ninguém viu. A polícia corre e prende um cara que explodiu um caixa eletrônico atrás de mil reais, mas não tem poder de prender um patife que roubou bilhões do povo brasileiro. Cansei do assunto e acho que os “cumpadres” estão mais alegres.
- Quem elege o presidente?
- É o povo cumpade.
- Quem elege os deputados e os senadores?
- É o povo cumpade.
- Quem nomeia os ministros?
- É o presidente e os coligados do congresso.
- Mais e se um ministro começar a roubar?
- Aí tem a polícia Federal, o Ministério Público, o Supremo...
- Mais quem nomeia essa turma?
- É o presidente e os coligados.
- Mais antão...
- Antão o quê cumpade?
- Esse povo pode robá a vontade cumpade! Vão perdê o cargo quando o borso já tivé cheio. Isso tá pareceno quando num galinheiro as galinha aprende cumê os ovo. Uma deita pra botá e as outa fica isperano; na hora que os ovo saí as galinha mais graúda come os ovo.
- E o galo cumpade, faiz nada não?
- Fica lá imbaxo vigiano a frangada mais nova (povo) que fica oiano pra cima aprendeno sobrevivê mais de veiz in quando sobe lá nos ninho e come um ovo suzinho.
- Mais o que que sobra pos frango mais novo?
- Sirviço...
E eu a pensar que o povo brasileiro está feliz porque tem emprego. E eu também a pensar que uma boneca natalina faz o dinheiro girar e quanto mais o dinheiro gira, mais enriquece o esquema. Mas tudo que tem fúnebres intenções acaba um dia. Prova disso é a quebradeira dos famosos países europeus que exploraram o mundo por séculos. Se eles, que exploraram a terra toda estão quebrados, imagina nós que somos explorados por nossa própria raça? A descida será rápida e cruel. E nossa grande produção de produtos agrícolas, minerais e até da indústria não vai poder cobrir os rombos do esquema. Sorte ou azar? Acho que não estarei por aqui para ver.
JOSÉ EDUARDO ANTUNES