O CAIPIRA NO CAMPO DE NUDISMO

Juvêncio era dono de meio mundo no sertão, herança que lhe deixou seu pai. Coronel famoso naquele ermo pelo pãodurismo que o perseguiu a vida inteira. Ao falecer o coronel Liborio além do grande patrimônio legado ao filho deixou também, como herança hereditária sua ganância por dinheiro.

Zeca Taboca amigo e companheiro de Juvêncio desde a infancia e juventude era um caipira aventureiro, sempre afirmando que não nasceu para viver aprisionado naquele ermo sem eira nem beira. Seu negocio era gozar a vida. Ao contrário de Juvêncio que só pensava no trabalho para aumentar seu patrimônio, gastava tudo, viajando e conhecendo novas estâncias.

Juvêncio poucas vezes visitou uma cidade mais populosa, mal conhecia as aldeias e corruptela espalhadas naquele mundão verde. Certo dia Zeca foi se despedir do amigo queria aventurar mais longe conhecer o mar, ouviu dizer que era um mundão de água salgada e precisava ver para crer.

Andou de fazenda em fazenda viajou o mundo até parar numa cidade portuária. Impressionado com aquela maravilha, ele acabou por arrumar um serviço de estivador no cais do porto.

Sentindo que a idade estava pesando o caipira tomou tento e tratou logo de se aquietar. Comprou uma casinha modesta e foi levando á vida. Tomou gosto pelo trabalho e se ajeitou. Tempos mais tarde bateu a saudade do sertão e do amigo. Com várias férias vencidas resolveu rever sua terra natal. Requisitou seu direito de descanso e voltou ao sertão donde veio. Mais bem situado pode viajar na famosa Maria fumaça que agora já mergulhava sertão adentro na direção de sua terra cuja estação estava apenas dezesseis léguas donde nasceu.

Grande evolução era o progresso que chegava, trazendo alternativa e substituindo em parte o transporte tropeiro. Após dois dias viajando a pé Zeca surpreende o amigo:

- Tarde sinhô, podi mim dizê se Juvêncio tapurai?

– Tarde, forastero, tafalano cu propo!

–Num criditu quequeisso home de Deus nun pode cê Juvêncio!

-- Pois é in carne e osso!

– Quitá cunteceno home mai parece cum bicho sô! Vai dizê qui tumem num tá sabeno quenhé ieu?

– Nadivê quinuntô memo sô!

-É ieu! Ieu o Zeca seu amigo vortei mode matá a sardade docê, mai parece qui argo errado cunteceu ta pareceno cum andariu home!

- Ah amigo asdispois Ca Maricota se foi pajunto de Deus o mundo cabô! Intriguei tudo pu Arcino mode diministrá pru que nere ieu posso cunfiá! Ucê dispareceu laigô ieu na mão!

-Bão mai quem morreu foi Maricota ucê ta vivo e tem de levantá a cabeça home! Vai Tuma um baim fazê esse barbaréu mode nois prusiá, qui foi praisso qui tô aqui, e cê vai mim discurpá mais ocê ta inté fedeno.

–Ah qui farta qui fais a minha Maricota! Ti contá quitô quessa sujera qui nem ropa tem, cabô tudo!

–Mim dá logo uns cobre e manda o Arcino selá um cavalo vô lá na corruptela na venda do bigode mode compra ropa procê,ta na hora de largá mão de tanta miséra e gastá os cobre mode qui caxão num tem gaveta se tivesse o miserave Du seu pai Deus u tenha, tinha levado tudu e dexado era nada procê. Inquantisso cê pede ua bola de sabão PA muié do Arcino e vai ficá de môio se lavano La no corgo, inda vô fazê mió vô trazê Zé bode na garupa do cavalo mode cortá sua crina e a barba. Quando invinha topei quere e mincontô qui aprendeu o ofiço de barbero.

Pode i si lavá qui vô lá e vorto num pé lá notro cá!

- Alguns dias se passaram Juvêncio era outro, a força do amigo resgatou sua auto-estima, e ele voltou a sorrir. Zeca conseguiu convencê-lo a passar uma temporada com ele, oportunidade que poderia conhecer aquela imensidão de águas salgadas, visitar as praias conhecer os navios, gigantes do mar que transportavam toneladas e mais toneladas de produtos.

A casa de Zeca era humilde, mas muito bem equipada, para o caipira Juvêncio era o Maximo. Divertiu bastante, convencido pelo Zeca, o caipira abriu a mão e o bolço.

Logo ele caiu no agrado da faxineira que cuidava da casa do amigo e acabou dormindo em sua casa várias noites. Zeca se sentiu gratificado ao ver o amigo recuperado.

Vencidas as férias, Zeca retornou ao trabalho. já adaptado ao ambiente o amigo continuou visitando as praias e logo se enamorou de uma loirassa de olhos verdes e caiu de amores por ela. Confidenciando ao Zeca, ele o advertiu;

- Oia toma ocê cuidado mode num cai na cunversa de malandro!

– Qui nada num tem pirigu só do matu mai num sô bobo! Inquanto ieu tivé puraqui vô mifartá nunca gastei meus cobre cum diversão, afinar num tem fiu nium, dexe ieu priciá essa bondade!

Certo dia, à tarde Zeca retornou do trabalho, o amigo não estava ele estranhou, entrou a noite e nada dele aparecer. Preocupado ele já se preparava para procurá-lo nos locais costumeiros quando ele entrou na sala, ofegante assustado quase sem poder falar. Todo arranhado uma orelha rasgada parecia ter passado, dentro de uma moita de espinheira.Aliviado com sua chegada e vendo o seu estado Zeca não resistiu e caiu na gargalhada.

– K.K.K.K.K. Que isso cumpanhero, de moita de ispim cê saiu home?

- Foi a disgraçada da tar de lora induziu ieu mode i no tar campo de nudizmo aquere luga cus povo entra tudu pelado, a satanais num era muié coisa ninhua introlá padentro largo ieu de fora mode cunversá cum tar portero. Mode intrá tem de pagá pu cada minuto. Ieu cumprei trêis minutu mandaru ieu tirá a ropa, fiquei mei vregonhoso mai obidici quando intrei cê num vai maginá, veiu ua muié Du giitinho qui nasceu ua bilizura qui inté o chão inrredò tava bunito. Falô preu socê mim pegá pode fazê tudim qui quizè cumigo! Num pensei duas veiz, memo pru que minha generosa tava in ponto de bala, frivi parriba dela, mai a danada iscurregava qui nem baba de quiabo. Asdispois contaro ieu Ca danada tava breiada cun tar de ger um negoço qui iscurrega pra dana!

-- mai e daí?

- Ispera qui chego lá-, intonse quando ieu tava pega num pego, tocaru a tar de buzina us minuto tinha cabado. Mandaru ieu sai pra fora, pensei vo pega esse muierasso de carqué jeito! Cumprei meia hora, intrei traveis, cumu já cunhicia maisomeno fiquei andano cassano a tar, quandefé apareceu um negão cuma generosa maomeno duns trita cêntimo da grussura dua mandioca mulatinha, mai duro qui pedra de amolá inxada, foi chegano paperto deu e falô haihai, se pego ocê impurru istudu inté sai na sua guela! Friví nu mundo i u capetão atrais. O marvado parece qui nunca cortô azunhas. Pu corvadia parece qui atrazaru o negoço de midi os minutu, i nada de tocá a tarbuzina, num foi só mei hora de jeito nimhum. O resto cê sabe taveno cumé queu tô istraçaiado, mai filizmente cuntinuo virge já pensô cumé qui ia ficá minhas prega sesse demonho me pega! Asdispois me contaro ca tar de lora é viado qui usa fazê paper do tar travesti, mode atrai o bobo e leva mode eze cata os cobres deze. Agora võ te fala Zeca somu muitu amigo fiquei satisfeito cum qui cê feis cum ieu, mai tô ino simbora amanhã memu, e tem mai ua coisa, ocê ranja outra faxinera pru que essa eu vô levá pra mim já ta tudu cumbinado, acho cocê num vai importá afiná amigo é pressas zora nenão?!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 07/11/2011
Reeditado em 09/11/2011
Código do texto: T3322814
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