O CAIPIRA E O JANTAR GRAFINO
Morando la na roça, perdido em meio a imensidão desse mundão de Deus, vivia humildemente aquele caboclinho, sem etiquetas, no mundo rústico em que fora criado e onde poderia se dizer que era totalmente feliz se não fosse por um desejo que a muito lhe atormentava, sempre ouvia de seu patrão, homem rico e letrado lá da cidade, relatos dos modos com que se portavam no meio em que viviam e sobretudo nome das comidas dos granfinos lhes chegava juntar água na boca, não havia nem visto tais pratos mas de tanto ouvir falar criou uma pitada de curiosidade por conhecer este ambiente tão adverso daquele que sempre conheceu, a roça.
O tempo passou mas o caboclinho encafifou que queria conhecer um deste tal jantar de gente rica e tanto falava nisso que já não era nenhum segredo, pois todos dali conheciam este desejo do caipira, ate que um dia próprio patrão, num gesto de gratidão aliado a curiosidade se incumbiu de levá-lo a um jantar na cidade e com isso o rapaz se transbordou de alegria, afinal de contas iria conhecer a tão falada comida granfina.
No dia aprazado, o caboclinho se preparou todo, colocou seu terno branco de linho, sapatos devidamente engraxados, se perfumou com água de cheiro, passou brilhantina no cabelo e, aprumado rumou juntamente com o patrão para cidade onde passaria por tal aventura e poderia desfrutar e desvendar este curiosos mistério que povoava sua mente.
Alguns dias que se passaram após o jantar e numa tarde o caboclinho foi até a venda, ponto de encontro dos moradores daquelas redondezas e la encontrou os conhecidos que logo perguntaram sobre a aventura, pois da mesma forma que sabiam do desejo do rapaz e, como a noticia por ali se espalhava como fogo em palha seca também ficaram sabendo que ele fora jantar, juntamente com o patrão, num evento na cidade. Sem cerimônia alguma e diante do olhar curioso deixando até transparecer uma pontinha de inveja dos demais caboclos, ele passou a narrar os fatos com riquezas de detalhes, elogiando o tempero e o sabor da comida da cidade e determinado ponto objetou:
___ Só tinha uma comida que num gostei não!. Num sei direito o qui era, vice! Só sei que parecia uns pedacinho de pau e era tão chique que as pessoa comiam tapando a boca com as mão, divia sê a tal sobremesa, num era muito gostosa não, mais assim memo ainda consegui comer uns déis pauzinhos daqueles. Vicê!