A AGUA DA ROÇA

Nada como a vida no campo, na simplicidade das coisa da roça, onde tudo parece tão antiquado aos olhos do dito “povo civilizado” que moram nos grandes centros urbanos, desfrutam da tecnologia de ponta, tem em seus lares, todo conforto que o homem do campo, na maioria das vezes, nem imagina existir.

E nesse cenário tão contraditório que a madame toda pomposa, deixou certa vez o conforto da sua residência na cidade grande e veio parar na roça, programa de índio, como diziam, e atormentada pelos insetos voadores que perturbava seu sossego naquela tarde de verão, onde o sol parecia queimar-lhes os miolos, chegou na casa de uma sertaneja do lugarejo e foi logo pedindo uma copo de água bem geladinha:

__ Copo! Isso nois num tem qui não madami, i água tá só fresquinha mais nois toma é na caneca memo.

A mulher sem jeito e não conhecendo bem os costumes do caboclo, não vê outra opção senão aceitar a oferta da humilde camponesa que imediatamente vai até a um canto daquela pobre choupana onde se deixa ver um grande pote de barro, ao lado, dependurado num gancho na parede, uma caneca de alumínio toda amassada porem incrivelmente limpa e mergulhado a caneca no pote, pega água e serve a visita que sacia sua sede.

Sabe-se que a água não estava geladinha como fora solicitada mas estável incrivelmente saborosa, se é que se pode dizer que água tem sabor, mas aquela em especial estava saborosa, tanto é que foi um fato marcantes na vida da senhora da cidade grande, seria por ventura esta sensação gostosa provocada pela sede daquela tarde calorenta ou pela caneca amassada?

De retorno ao lar, a mulher nunca esqueceu este dia e muito menos aquela água na caneca amassada porem servida com tamanha presteza assim, o tempo passava e por mais que ficasse com sede ou por mais que a água estivesse geladinha, não lhe causava tal saciedade, tanto é que certo dia tomou uma decisão, pegou uma de suas canecas de alumínio e com um martelo, amassou-a , desamassando logo em seguida de tal forma que ficou parecida com a caneca sertaneja, mas qual o que, por mais que insistisse a água não tinha aquele gosto especial, coisas que só na roça se encontra.

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 22/10/2011
Código do texto: T3291568
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