A VIGÍLIA NO CEMITERIO
Foi um ano de inverno rigoroso, dizia os mais antigos que nunca tinham sentido tanto frio como naquele ano e foi numa fria trade do mês de junho, choveu muito durante o dia e por causa da pista escorregadia da rodovia que passava margeando a pequena cidade, quase um povoado, um triste acidente chocou os habitantes do lugarejo, um carro que vinha e ata velocidade rodopiou numa poça de água da pista, o motorista perdeu o controle do veiculo que se chocou violentamente conta a carroceria de um caminhão e o viajante morreu esmagado nas ferragens do veiculo.
A cidadezinha não tinha grandes recursos tanto que após mais de uma hora de espera, chegou a policia rodoviária ao local fez a diligencias necessárias, retirou o corpo do homem das ferragens do veiculo e este foi levado ao pequeno e retirado cemitério do povoado onde permaneceu noite adentro até a chegada dos familiares que moravam distantes para que fosse tomadas as devidas providencias que a burocracia exigia para o posterior translado do corpo para a cidade de origem.
Nós estudantes do período noturno tínhamos o habito de sairmos da escola e se reunir em um bar e sorveteria que ficava na única pracinha da cidade conhecida como praça da Matriz e ali permanecíamos até por volte da meia noite. Nesta noite porem o assunto era o acidente de carro da rodovia, cada um contava a sua versão da história, mas a realidade é que o corpo do falecido aguardava no necrotério do cemitério, se é que podia chamar aquilo de necrotério, era apenas uma casinha localizado no centro do cemitério e que tinha no meio uma grande mesa de mármore e ali se depositava os corpos das pessoas mortas em circunstancias adversas até o momento do enterro, como corpo do acidentado estava lá alguém teve a infeliz idéia de irmos ao cemitério para visitar o falecido.
A noite estava escura como um breu, ainda por cima chuvosa, o cemitério distava aproximadamente um quilometro do centro da cidadezinha, não tinha iluminação publica e o caminho era ladeado por enormes pés de eucaliptos deixando o trecho mais funesto, tanto é que dos quinze rapazotes que ali estavam e saíram para empreitada ao defrontarem com a estradinha lamacenta e escura, somente seis toparam o desafio e para la se foram, eu estava entre estes.
Ao chegarmos a porta de entrada do cemitério avistamos o necrotério, havia velas acesas suponhamos que algum dos familiares já havia chegado e fomos nos aproximando, o medo parecia querer nos dominar mas não podíamos dar demonstração, ao aproximarmos do casa, uma pessoa passou entre a vela e a parede projetando uma sombra macabra que nos assustou e por pouco nãos saímos correndo do local, mas tocamos em frente e sorrateiramente chegamos a porta do necrotério e deparamos com o sacristão da cidade, sozinho naquele lugar deserto, ele e o homem despedaçado sobre a pedra fria daquela mesa. Aliviados, ficamos ali um pouco depois nos despedimos do sacristão que nos garantiu que ficaria até a chegada de algum parente.
Foi de arrepiar a coragem daquele pobre homem que a muito, o uso exagerado da bebida lhe tinha tirado toda a vitalidade e por fim ficamos sabendo que os familiares foram chegar ao amanhecer do dia e ele estava lá, firme na sua vigília.