CUIDADO COM O ZEQUINHA!
“O Tiro saiu pela culatra”, ditado comum na região, quando tentamos atingir um determinado alvo, nos preparamos, miramos bem o objeto a ser fulminado mas quando apertamos o gatilho, o tiro ao invés de sair pela parte anterior do cano da arma de fogo, ele sai pela culatra, ou seja, o fundo do cano da arma, parte posterior do canhão e acaba atingindo em cheio o atirador.
Conta que em um sitio não muito retirado da cidade, morava um casal e um filho, fruto deste casamento. O menino já estava grandinho, num determindado dia o pai indoi à cidade para as compras de rotina, resolveu levar Zequinha para um passeio diferente, afinal de contas o menino já não era nenhum bebezinho e precisava ir aos poucos ampliando os seu horizonte para não crescer feito um jeca, perdido naqueles confins onde Judas perdeu as bota.
A mãe do menino não se opôs, afinal de contas a tempos ela desejava que o filho se tornasse um homenzinho para vigiar o pai, já que morria de ciúmes do marido e toda vez que ele ia ao povoado, ele ficava em casa se remoendo pois bem sabia que a chegada o patrimônio, havia uma prostíbulo e as sirigaitas ficavam a beira do caminho em trajes indecentes e sabe-se lá se nestas idas e vindas, o marido também não dava uma paradinha para relaxar nos braços de algumas mulher da vida embora isso lhe tirasse o sossego, nunca ousou quetiona-lo por medo da reação, mas agora com o menino acompanhando com certeza ficaria mais fácil tirar alguma informação sigilosa.
A viagem correu maravilhosamente bem, durou o dia todo e quando retornaram para casa já era noitinha e casados como estavam, após o banho e o jantar, foram para cama, lembrado que o sertanejo tem o costume de dormir com as galinhas, ou seja, mal a noite chega e eles se recolhem para o merecido descanso de todos os dias e assim sendo, não deu para a curiosa mãe retirar informação alguma do passeio,
No dia seguinte quando o menino acordou o pai já havia ido para a roça e ainda na mesa do café a mãe o bombardeou o pequeno Zequinha com perguntas e não foi difícil retirar do garoto informações preciosas pois, como ela imaginara, o marido desprecavido deu uma passadinha no prostíbulo, e o garoto empolgado com a conversa maternal, começou a relatar fatos que inocentemente presenciara de seu pai com uma das mocinha da casa e detalhando o que viu, porem antes mesmo de terminar o seu relato, a mulher quase tendo um treco, o orientou para que falasse de tal coisa no jantar, quando então ele poderia contar toda a historia na presença do pai, sem desconfiar de nada, na ingenuidade de garoto, assim fez o Zequinha.
Ao findar do dia a familia se reuniu para o jantar como de costume, a mãe orquestrou a conversa e o menino, na sua aparente santa inocência, começou a narrar história enquanto o pai incrédulo com o que ouvia, pois jamais imaginou que o filho tivesse tamanha percepção e audácia, narrando os fatos com fiel precisão, atônito ante o olhar fulminante da esposa, não havia como se defender até que o menino finalizou:
___ ... e o pai, sabe mãe, pegou a moça no colo, levou para o quarto, deitou na cama e fez igualzinha a senhora faz com o Padrinho Otavio quando o pai sai para o trabalho.
E o tiro saiu pela culatra.