O CAÇADOR DE ONÇAS

Joca apareceu por aquelas redondeza ninguém sabe como, não tinha nenhum parente morando por ali, ninguém o conhecia e ele não conhecia ninguém, mas veio sabe-se lá como e contando papo de caçador de onça acabou arrumando serviço numa fazenda onde o proprietário estava desconfiado de que alguns felinos haviam atacado seu rebanho, era um rapaz sozinho e se acomodou num ranchinho lá na beira do riacho, onde queimava lata e quando o fazendeiro não tinha trabalho, trabalhava por dia para outros sitiantes da vizinhança e assim ia levando a vida, porem de caça mesmo, nunca ninguém viu caçando, a não ser nas lorotas e, por sorte ou ironia do destino, as tais onças que o fazendeiro desconfiava na realidade não passava de ladrões de gado que a policia descobriu e os meteu no xadrez, Joca porem foi ficando por ali e rapaz prosa como era, fez muitas amizades e a sua fama de caçador de onça se espalhou como fogo em palhada seca.

Certa vez, um grupo de caçadores se organizaram para uma caçada de onça lá pras bandas de Mato Grosso, o lugar era sertão ficava distante do povoado, onde diziam que um bando de onça estava atacando o rebanho dos fazendeiros e o Joca, gazofa como que, estava entre a comitiva que segundo diziam, iriam demorar a mais de uma semana para chegar no local, onde ficariam hospedados em uma fazenda mas não na sede e sim numa clareira no meio da mata fechada onde havia um rancho e lá ficariam de tocaia para caçar a felina.

Dizem que chegaram no ponto de pousada já estava findando o dia, foi a conta de arrumar as tralhas de caça, escureceu e sob a luz fraca dos lampiões a querosene, terminaram de prepara a comida e foram para cama, Joca cansado da viagem no lombo de uma mula, logo pegou no sono, também não demorou muito para se ouvir o rosnado das feras rondando o acampamento, ninguém mais dormiu, só Joca que ressonava suavemente em sua rede.

Era uma noite terrível, todos estavam dentro do rancho e entre os roncos e os miados das bichas que parecia mais estarem no cio do que se preparando para um ataque ao acampamento, Joca começou a resmungar, se mexer na cama e parecia que quanto mais o rosnado das feras se tornavam mais forte e mais próximos, mais Joca se debatia ate que certo ponto se levantou, saiu correndo em direção a porta e disse:

__ Tirem o couro dessa que vou buscar a outra.

Só que desorientado o rapaz tropeça num toco que servia de banco e cai no meio do rancho, o companheiros assustados correm para socorrê-lo, afinal de contas ninguém esperava por esta cena e nem perceberam que Joca, pelo medo interior que castigava o seu pensamento, inconscientemente tocado pelo barulho das fera na mata, teve um pesadelo, aliado a façanhas mentirosas que narrava, sonhou que estava caçando e sonâmbulo que era, levantou, saiu correndo dando um tremendo susto aos companheiros e ainda que, depois dos ânimos acalmados, perceberam que o rapaz havia se borrado todo somente com o sonho.

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 02/10/2011
Código do texto: T3253792
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