O JUCA E SEU JIPE
Naqueles tempos o meio de transporte mais comum na região era o movido por tração animal sendo a carroça e as charretes a mais comum, enquanto sendo que as elegantes as lindas charretes de capota era um luxo que so dispunha as pessoas de maior poder aquisitivo, os fazendeirinhos da região. Entre os jovens, a bicicleta era o meio mais comum, porém o jovem que dispunha de seu cavalo bem arreado era visto pelas donzelas com bons olhos, porem ao se falar em automóvel, raramente se via algum pela região, no povoado existia um chofer de praça que dispunha de um lindo pé de bode preto que só era usado em momentos especiais como transportar a noiva nos dia do casório ou alguma viagem de urgência até a cidade grande, mas o proprietário cuidava com todo zelo do seu veiculo.
Juca era um homem que até tinha um bom poder aquisitivo, apesar de um tanto abestalhado e por gostar de uma cachaça como ninguém, vivia tomando seus pileques na venda do povoado e depois de umas e outras tornava público os seus desejos de adquirir um veiculo automotor e de choferá, como se diziam por lá, igual o velho italiano dono do pé de bode na cidade.
As opiniões sobre o Juca divergiam, uns os qualificava com um menino mimado que nunca passou por privacidade na vida e que fazia o que lhe vinha a mente sem medir conseqüências, pois era filho de um rico proprietário de terra na região. Já outros diziam que Juca era um homem de visão, enxergava o futuro e que os seu sonho poderia tornar uma realidade e realmente tornou, Juca adquiriu um belo Jipe e inteligente como era, não encontrou dificuldade em aprender dirigir o veiculo, tanto é que em pouco tempo ficou conhecido em toda região, pois em toda festa lá estava o Juca com seu Jipão ano 51 fazendo sucesso e seria um grande exemplo de prosperidade se não fosse por apenas um detalhe: o homem sempre exagerava na ingestão do álcool e uma vez embriagado perdia noção de tempo e de espaço e o jipe tornou-se uma poderosa arma na mão do Juca.
Certo dia, numa festa no bairro, Juca como de costume, exagerou na bebida e todos ficaram preocupado quando quase que engatinhando, assentou a frente do volante do veiculo, com dificuldade colocou a chave no contato e deu partida, acelerou e saiu rodopiando estrada afora. Havia chovido muito naqueles dias, a estrada estava uma lama só e Juca saiu ladeando de um lado para o outro e uma velocidade não compatível com a situação naquele dia, e sumiu no estradão.
A festa continuou embora a preocupação com o Juca fosse unanime entre as pessoa que presenciaram a partida do amigo. Passou- se uns três quartos de hora, quando olhando na curva do estradão, lá vinha o jipão do Juca de volta ladeando de um lado para o outro da estrada e como sempre numa velocidade não compatível com as condições da estrada naquele dia e se aproximando do local da festa, bate frontalmente com um mourão de cerca, saindo fumaça pelo capô do motor e o veiculo para, Juca que permanece atarracado no volante, com a cachola cheia de cachaça, parece não entender o que esta acontecendo e pergunta ainda alucinado aos amigos que chegaram primeiro no carro após a forte batida;
___ Ué, dondé queutô? Dondé queuvim? Fui pra casa, parce que tô de vorta na festa! Será que dei vorta no mundo!
Foi só então que os amigos descobriram que a certa altura do caminho, Juca perdeu o controle do jipe, rodopiou por varias vezes na estrada escorregadia, conseguiu controlar o veiculo que uma vez parado, ele suspirou aliviado, engatou a primeira, pisou fundo e seguindo viagem, só não teve noção que estava voltando ao local da festa ao invés de seguir prumo de casa.