O PADRE E O CABOCLINHO
No passado foi uma capela muito movimentada, tinha domingo de mês, tinha festas do padroeiro, procissão com andor pelo bairro e pelo menos a cada seis meses o padre da cidade vinha dizer missa na capela, oportunidade em que aproveitava também para ouvir confissões dos fieis e batizar os pagãozinhos que ainda não haviam recebido tal sacramento da santa madre igreja, eram tempos bonitos aqueles.
Mas na vida tudo passa, chegou por aqui a fama do tal progresso na cidade grande, os meeiros, arrendatários abandonaram o campo e se debandaram para lá procurando melhorar de vida. Os pequenos sitiantes julgando que a vida na cidade tinha mais regalias, acabaram vendendo sua pequenas propriedade aos mais poderosos do lugarejo e rumaram para a cidade também, assim aquele lugarejo, longe da cidadezinha e perdido entre invernadas e canaviais, se tornou um ermo desértico, moradores somente alguns peões das fazendas sendo a maioria de pouca afinidade com as coisas de Deus.
Foi nessa situação e que o padre da cidadezinha, ouvindo tantas histórias bonitas da capelinha mais distante da sede do município, resolveu celebrar uma missas na dita cuja, divulgou o evento e no dia aprazado para lá rumou. Chegou ao local e ninguém por la e quando já se preparava para retornar, eis que chega um peão montado em seu belo cavalo alazão, apeou, jogou o cabresto num mourão de cerca, se benzeu e entrou na capela, o padre que já estava zangado pela ausência dos fiéis, mais zangado ficou ainda em ter que celebrar a missa somente para uma pessoa, mas compromisso é compromisso e o peão estava firme, sentado em um dos bancos daquele santuário.
O negocio foi colocar os paramentos sagrado e celebrar o oficio divino mas foi no momento da homilia que ele castigou, foram quase uma hora de sermão e o matuto ali ouvindo atentamente, o que acabou chamando atenção do homem de Deus. Findando a missa, o sacerdote desfez rapidamente das vestes sacramentais foi ter com o peão que já se preparava para voltar para casa e muito curioso perguntou ao humilde homem a opinião sobre o sermão.
__ Bão!
Respondeu o peão, complementando na seqüência.
__Só acho qui o seu vigário precisa cunhece mió o seu rebanho pruque, imagine só o sinhô, la na fazenda em que nois trabaiá, quando vamo dá ração pus bichu qui tão cum muita fome, nois vamo dano de poquinho em poquinho que preis num impanziná di veiz, num sabe!
E dando voz de comando á montaria, saiu galopando invernada afora.