NAS ENTRELINHAS

Viviam no povoado dois caboclinhos que embora matutos, tinham características totalmente as avessas, um era religioso e até mesmo fanático, participavam participava da Congregação Mariana, vivia em oração, não perdia as missas aos domingos e dias santos de guarda como ordena a Santa Madre Igreja e assim ia vivendo seu dia a dia procurando a cada momento vivenciar a plenitude dos Santos Evangelhos, já o outro ao contrario, se intitulava ateu convicto “graças a Deus”, apesar de ser uma boa pessoa, era um tanto quanto imprevisível, não compartilhava o que o caboclinho religioso fazia, porem também não trelia com a rapaz até que um dia, talvez nalgum daqueles dias que nem um e nem o outro estava em paz consigo mesmo, se encontraram na vendinha do povoado e o rapaz ateu começou, no entender do caboclinho religioso, a blasfemar contra Deus e contra o mundo e este tomou as dores, respondendo a altura.

Dizem os presentes que o desafio ficou interessante, a cada desabafo do ateu, o religioso ponderava, na realidade não se destratavam, era mais uma defesa de ideologias, assim, conversa vai, conversa vem, em dado momento, o ateu apelou perguntando ao caboclinho se realmente acreditava naquilo que estava escrito na Bíblia e se seria capaz de viver aqueles sórdidos ensinamento.

Sem pestanejar, o caboclinho convicto de sua fé, acenou com a cabeça concordando e o ateu recordou a passagem onde Jesus disse ” se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra!” e inesperadamente e para surpresa de todos, mandou um tapa no rosto do caboclinho religioso fazendo-o rodopiar no meio do salão, e em seguida sarcasticamente perguntou.

___ E ai, seu frouxo! Vai revidar ou virar para tomar um tapa do outro lado?

Imediatamente a turma do “deixa disso” entrou em ação na tentativa de apaziguar os ânimos mas o caboclinho agredido demonstrando toda calma do mundo e não esboçando a intenção de revidar a agressão, se recompôs do tapa e ofereceu o outro lado do rosto conforme os escritos sagrados e, apesar da interferência da platéia, o ouro tapa veio na seqüência, ao que inesperadamente o agressor recebeu, de resposta do caboclinho pacato, um potente soco no queixo e desnorteado acabou por pranchar no piso do estabelecimento.

Após se recompor da surpresa e apaziguados pelos presentes, este se ateve a questionar o caboclinho religioso, por este não ter sido capaz de viver os ensinamento daquele que tanto bem falava e com muita sabedoria e mantendo a sua posição de homem pacato, o caboclinho simplesmente explicou:

___Ué! Jesus falou até o segundo tampa, depois, não falou pra ficar quieto, ou você acha que o filho de Deus é saco de pancada?

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 03/08/2011
Código do texto: T3137429
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.