UM CABOCLINHO MUITO CAFAJESTE
O caboclinho nasceu e foi criado na roça, recebeu educação de uma maneira rústica, tradição do local, na idade de seus oito ou nove anos, de tanta insistência do patrão de seu pai, o menino foi matriculado numa escolinha lá no sitio mesmo, onde cursou até o quarto ano primário sempre ouvindo o pai dizer que estudar não era coisa pra homem do campo e que o cabo da enxada era o que estava lhe aguardando, tanto é que quando chegava da escola, por volta do meio dia, almoça e trilhava o caminho da roça para ajudar no sustento da família.
O menina tinha em mente que certo dia iria se aventurar por este mundão de meu Deus, tentar a sorte na cidade grande e quando pegou a maioridade, deixou a casa paterna se aventurando pra capital do estado onde, apesar do poucos estudo, pode aprender uma profissão e se realizou na vida, porem casar, a isso era coisa que não lhe passava pela mente, e eis ai outra coisa que o rapaz aprendeu por lá, ser mulherengo e não podia ver um rabo de saia que já estava lá dando suas cantadas e, como rapaz vistoso que era, sempre tinha os seus casos de amores proibidos.
Vai dai que o moço, agora homem formado, nem parecia aquele caboclinho franzino que deixou a roça anos atrás em busca de aventuras, retornou a terra natal. Foi uma alegria total, o pai não lhe cabia de orgulho por ver o filho transformado daquela maneira, reencontrou os velhos amigos, a maioria deles já haviam casados, constituído uma família e um dentre esses um amigo inseparável na infância, havia casado com uma de suas namoradinha de escola, e que se tornará numa bela mulher, apesar de mãe de dois meninotes, se mantinha uma mulher altiva, esbelta e fogosa.
Ao se encontrarem aquele amor de outrora aflorou, trocaram olhares comprometedores e ela, apesar de ser uma mulher recatada e sempre fiel ao marido, também se deixou levar pela emoção, haja visto que rotina do casamento já haviam deixado para traz o romantismo da época do namoro, o caboclinho muito sem vergonha, negaceou até que por alguns instantes ficaram a sós e mais que depressa pregou uma cantada na ex namorada.
Apesar do rosto corado, mas carente como estava, titubeou mas acabou por fazer uma contra proposta, pois sabedora que era de que o danado havia feito um bom patrimônio na cidade grande, só aceitaria participar de tal ato libidinoso mediante o pagamento de quinhentos reais, ao que o caboclinho aceitou sem questionar, marcando o encontro para o dia seguinte depois do almoço, informando a caboclinho que neste período as crianças iriam para escola e o marido á cidade fazer compras e como de costume, só voltariam ao anoitecer.
No horário aprazado, após ter certeza de que o caminho estava aberto, para lá rumou o rapaz para o esperado momento de orgia e só saiu da casa no finalzinho da tarde feliz da vida. Igualmente mulher ainda estava relaxada com os belos momentos pecaminosos vividos, quando a casa volta a rotina normal, os filhos chegam da escola, e já estava escurecendo quando o esposo traído chega da cidade com as compras e depois de tudo ajeitado, enquanto preparava o jantar para a família o marido entra subitamente na cozinha e pergunta se o caboclinho havia vindo a casa na sua ausência. A pergunta pegou mulher de surpresa, sentiu um frio a barriga, imaginou que algum vizinho com certeza viu a chegada do antigo namorado e com certeza deu com as línguas nos dentes para o marido e negar a presença era mais comprometedor do que meia verdade, assim confirmou a presença com um gesto de cabeça.
O marido não esboçando qualquer reação, perguntou novamente:
___ E ele deixou quinhentos reais com você?
A esta pergunta, sentiu as pernas bambas, a fofoca com certeza tinha sido maior, mas quem haveria de saber de tal trato se somente ela e o caboclinho sabiam, seria uma cafajestagem se o dito cujo fosse contar vantagem logo para o amigo mas, por via das duvidas, o melhor seria então falar a verdade e confirmou que realmente o homem passou por lá a tardinha e deixou quinhentos reais que estavam guardados lá no quarto no lugar de costume e o homem aliviado resmungou:
__ Ufa! Pensei que havia feito besteira! Eita caboclinho de palavra! Esta manhã me encontrou na cidade e pediu quinhentos reais emprestados para realizar um negocio imprevisto e prometeu que se não me encontrasse mais por lá, devolveria o dinheiro hoje à tarde aqui em casa.