ASSOMBRAÇÃO A BEIRA DO CAMINHO

ASSOMBRAÇÃO A BEIRA DO CAMINHO

A venda era o ponto de encontro dos caboclos daquela região, para lá iam para jogar conversa fora aos sábados, domingos e dias santos, alem do que era também o comercio mais próximo onde todos os matutos da região tinham suas contas, portanto na falta de algum produto, era a venda que recorriam.

Dois caboclinhos que moravam bem retirado do dita cuja casa de comercio e para encurtar caminho, sempre se atreviam passar por uma estrada abandonada margeada por uma pequena capoeira rala e típica da região, formada por pés de arranha gatos e leiteira e onde uma enorme figueira centenária, com seus tronco já carcomido pelos cupins e judiada por varias queimadas insistia em permanecer viva reinando como que solitária naquele ermo de Deus e era tida como um ponto de referência conhecido pelos moradores da região como figueirona da tocaia pois dizem os mais antigos que foi debaixo da figueira que o dono daquelas terras foi assassinado numa tocaia preparada pelo próprio irmão por conta de uma rixa causada por partilha da herança, tanto é que as terras, apesar de férteis, foram abandonadas e a capoeira tomou conta de tudo. Era um lugar ermo, ficava no espigão e retirado das moradias do bairro e corria o boato de que aquele trecho da figueira era assombrado, não sendo pouco os causos de pessoas que ao passarem a noite naquele trecho de estrada, observavam coisas estranhas e misteriosas acontecendo e até os animais sempre refugavam a travessia, passarinhavam e muitos até empacavam e só passavam por debaixo da figueira depois de muito esforço, diziam alguns moradores mais corajosos que bem aos pés da figueira aparecia um caixão de defunto coberto por rosas brancas principalmente nas noites escuras.

Dois caboclinhos ainda novos e metidos a corajosos, certo dia foram venda e conversa vai, conversa vem, acabaram esquecendo da vida e já estavam altinhos com algumas doses de conhaque a mais na cachola, quando decidiram ir embora e isto já era noite adiantada. Levados pelo conhaque, só foram lembrar da arvore mal assombrada quando os cavalos em que montavam passarinharam a alguns metros da dita cuja, encorajados pelo conhaque resolveram de comum acordo, desvendarem o mistério do caixão de defunto a beira do caminho, apearam de suas montarias, jogaram o cabresto no mourão da cerca e pé ante pé, foram se aproximando do tronco da velha figueira.

Contaram os corajosos caboclinhos que o corpo arrepiou todo quando deparam com aquele caixão recoberto por flores brancas, estavam morrendo de medo, mesmo assim resolveram aproximar vagarosamente do estranho objeto, foi neste instante que se ouviu um grito que ecoou noite adentro, o caixão se mexeu e algo estranho saiu de dentro fugindo em disparada no meio da capoeira. Foi um Deus-nos-acuda, os dois não tiveram tempo de pensar em mais nada, reviraram para traz cavoucando o chão, dizem que nem sabem como montaram em seus cavalos e perna para que te quero, passando como um foguete rumo as suas casas.

No dia seguinte espalharam o ocorrido, logicamente a maneira deles, pelo bairro todo e foi só então que ficaram sabendo que, pelo fato da figueira ficar retirado da sede e pelo fato de ser uma estrada desativada, haviam feito ali um cemitério de animais e um novilho que havia morrido dias antes e para lá foi arrastado, logicamente durante o dia os urubus davam conta do recado e a noite a cachorrada da vizinhança visitava a carcaça, aconteceu que naquela noite algum cachorro entretido na carniça, quando observou a presença dos intrusos aquelas horas da noite, se assustou fugindo em disparada, causando alem do movimento na carcaça, um barulho estranho o que é comum em tais circunstancias.

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 18/05/2011
Código do texto: T2978470
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