O CAUSO DO MEU AMIGO ZEZÃO

O Meu amigo Zézão,

que vivia lá no sertão,

entocado em sua casinha.

Só saia pra ir ao povoado

comprar o necessitado

pra mantê sua vidinha.

Não pense que o Zézão,

por ser homem do sertão,

não tinha lá o seu desejo.

Arrumar uma patroa,

mulher bonita, folgosa e boa,

era o anseio do sertanejo.

Zézão era um rapaz novo ainda

e mesmo vivendo na berlinda,

dizia ter vontade de casá

Mas nem namorada ele tinha,

pois a moça que lhe convinha,

não existia ali naqueles arraiá.

Mas parece até providência divina,

pois num é que a dita cuja menina,

igualzinho o que na mente lhe vinha.

Moça loira, bela, alta, esquia,

veio junto com sua família,

morá ali, numa fazenda vizinha.

Sentiu o coração bate mais forte,

era mesmo homem de sorte,

com ninguém haveria de se igualá.

O Zézão, caipira como ele só,

da moça logo se aproximô,

com a intenção de com ela namorá.

Zézão nunca viu tanta beleza,

sentiu nas pernas até moleza,

quando começaram a prosiá.

Era o fim da triste solidão

que tomava conta de Zézão

desde a morte da Sinhá.

Sinhá era a mãe de criação,

que adotou, lhe deu atenção

e o criou como legitimo fio.

Era a maior riqueza qu’ele possuía,

aquela que lhe deu muita alegria

e lhe ensinou a andar nos trio.

Mais depois que ela morreu,

seu rancho entristeceu,

ficou tudo tão isquisito.

Ele vivia quase abandonado,

embora tivesse herdado,

aquele cantinho bonito.

Vejam só o que o amor faz.

Transformou o aquele rapaz,

dando a ele, novo alento

Não e que depois da dita prosa,

mundo ficou até cor de rosa,

pois foi grande o contentamento

Zézão encheu de esperança,

parecia inté uma criança,

ganhando uma roupa nova.

E do namoro um tanto desenxabido,

Zézão, embora rapaz tímido,

quis logo ir tirando prova

Era uma noite de festa na roça,

o rapaz sem fazer troça,

marcou a presença, portanto.

E no rala e rola as escondidas,

aproveitando as delicias contidas,

acabou num baita espanto.

Descobriu que a loira bonita,

tinha uma coisa meio esquisita,

quê lhe veio a preocupar

Naquele lugar, algo volumoso,

o rapaz com olhar curioso,

num relance pode observar.

Estava meio que ressabiado,

um tanto quanto desconfiado,

foi prestando muita atenção.

Entre os beijos e as caricias,

o rapaz, cheio de malicias,

Deslizou e ... encheu a mão.

Pois num é que a criatura,

aquela flor de formosura,

com quem pensava em casar.

Não passava de um traveco

Zézão quase que teve um treco,

pois isso jamais podia imaginar.

E o sonho de Zezão desmoronou,

quando a loira então se revelou,

ser mesmo um homem gay

O rapaz sumiu na quiçaça,

e depois desta desgraça,

por onde ele anda, não sei.

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 14/05/2011
Código do texto: T2970149
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