Os Três Pecados da Romeira

A mulher partira de Cajazeiras – PB. sete dias antes da festa. Ela pretendia percorrer os quase 200 Kms. que separam Cajazeiras de Juazeiro do Norte – CE. em seis dias. Chegaria um dia antes para se refazer da grande caminhada. Havia alcançado uma graça e pretendia ir até a terra do “Padin Ciço” caminhando, acender uma dúzia de velas ao pé da monumental estátua do “santo” existente naquela cidade do Cariri do Ceará.

Rosa era uma mulher viúva dos seus 40 anos, mas bem conservada para a sua idade. Seus vizinhos comentavam que Rosa era como “peça de sucata, usada, mas que ainda tirava do prego” De matulão nas costas e chapéu de palha na cabeça, Rosa percorria uma média de 30 Kms. por dia. Ao cabo de dois dias de andanças os seus pés já estavam inchados e Rosa começou em pensar seriamente em mandar a sua promessa para o “beleléu”. Quando via um carro se aproximando , ainda chegava a levantar mo polegar para pedir carona, mas, lembrava-se da promessa e desistia da idéia.

No terceiro dia de viagem Rosa não se lembrava mais da sua promessa. Seus pés doíam, ala queria mesmo era chegar ao Juazeiro, então chegou a pensar:

- Vou pegar o primeiro carro que passar !

Não deu outra. Sentou-se a beira da estrada e ficou à espera. Não demorou quase nada, quando surge um caminhão Chevrolet com uma carga de açúcar. Rosa se levanta e de polegar em riste faz sinal para o caminhão parar. O motorista vendo a viúva, diminui a marcha parando no acostamento da estrada. Rosa não cabia em si de tanta alegria, Aproxima-se correndo do caminhão, e. . .

- “Seu” Zé, dá pra me dá uma passagem inté o Juazeiro ?

- Pode subir moça !

Rosa mais que depressa abre a porta do caminhão, jogando o matulão aos pés do banco e senta-se toda esparramada, fechando a porta do caminhão com uma forte batida. Pelo lado de dentro da porta do caminhão estava escrito “Não bata a porta”. Acontece que Rosa não sabia ler., O motorista olha para ela com cara de poucos amigos dando partida no caminhão.

Rosa era viúva, bonita e fogosa, naquele dia estava como nunca. De vez em quando ela tentava puxar conversa com o motorista, mas, este não queria papo e continuava no seu caminho. De repente Rosa começou a falar se aproximando do motorista, e. . .

- Oh que cabine apertada ! Virge, que aperto !

E se aproximando do motorista. Quando menos espera, o motorista se viu imprensado entre a porta e a fogosa viúva. Diminui a marcha, parando o caminhão fora da estrada a sombra de uma grande oiticica. Desse contorna o caminhão abrindo a porta dó lado oposto, e. . .

- Chegue Dona moça, vamos fazer o que a senhora

quer e o que Deus mandou!

Consumado o fato o motorista volta ao caminhão, seguindo viagem rumo ao Juazeiro. Ainda não havia decorrido meia hora, quando a viúva voltou a falar:

- Só to pensando meu Deus o que eu vô dizer ao

padre desses trêi pecado que cometi !

O motorista fazia ouvido de mercador e continuava no seu trabalho. A viúva insistia:

- Meu “Padin Ciço”, o que é que eu vô dizer ao padre

depois desses trêi pecados que cometi ?

O motorista já não agüentava mais as lamurias da viúva, e. . .

- Deixa de frescura moça, a senhora até agora só

cometeu um pecado !

- Oxente “seu” Zé, ainda nun farta trêi hora pra noí

chegá no Juazeiro ?

- É mesmo dona moça ! ! !