AO FOGO O QUE É DO FOGO

Os matutos do campo tem la seus costumes, coisas banais, normais, naturais que aprenderam com seus antepassados e muita desta coisas a ciência de hoje argumenta serem prejudicial a saúde e pesquisas provam tais afirmações e isto as vezes deixa caboclo confuso e acaba tomando decisões acertadas porem penosas.

Nascido la nos cafundó do Judas, o caboclinho foi até a cidade para aviar os produtos necessários a sua sobrevivência, aquilo que a roça de bom grado não fornecia tais como o querosene para as lamparinas, açúcar, sal e alguns outros condimentos que não produzia na sua pequena propriedade rural e por lá encontrou com um sabichão, homem que sabia prosear, usava palavras difíceis de entender, mas danadas de bonitas tanto é que com elas ganhou a simpatia do caboclinho.

Mas o que mais marcou foi quando o caipira pediu quinhentos gramas de fumo de corda ao dono da venda, o homem não deixou por menos, alertou-o que o cigarro era prejudicial a saúde e que era um gasto desnecessário pois com o dinheiro dispensado para tanto poderia fazer uma grande economia guardando este dinheiro, quando tivesse uma quantia considerada, poderia fazer alguma benfeitoria em sua propriedade e por fim acabou cognominando o cigarro de “chupeta do diabo”, religioso que era, isso acabou mexendo profundamente com o matuto que de volta para casa, pensando nas sabias palavra do seu doutor da cidade, concluiu que o homem estava com a razão pois tudo fazia sentido, ele que morava com a mulher e as crianças naquele casebre de pau-a-pique, com cobertura de sapé aos pés daquela encosta, se deixasse o vicio, guardasse o dinheiro em pouco tempo poderia construir uma casa melhor e daria mais conforto para a família e naquele momento fez o propósito de para de fumar.

Chegou na sua choupana na boca da noite, as crianças vieram correndo a procura do doce e como sempre ele os distribuiu em partes iguais, a mulher estranhou a atitude do marido que estava acabrunhado, quieto pelos cantos até que ele explicou que resolvera para de fumar. Tristonho o homem permaneceu por um bom tempo pois afinal de contas, deixar um vicio não é coisa fácil e se o caboclo não for de opinião, acaba enlouquecendo, mas verdade é que o matuto depois que parou de fumar, com o tempo ficou mais robusto, rejuvenesceu e acabou aquele pigarro e a tosse seca que o acompanhava constantemente, até ganhou novo animo para o trabalho e não é que em pouco tempo pode construir a tão sonhada casinha para a família.

Casa nova vida nova, depois de tudo pronto, vieram os preparativos e a mudança para a casa nova, a alegria contagiava toda a família, mas naquela noite inexplicavelmente a casa pegou fogo e tudo foi tão rápido que somente teve tempo de socorrer as crianças que já estavam dormindo e desolado no meio do terreiro o homem via as labaredas consumir a bela casinha e seu sonho se tonar em cinzas.

Diz o ditado que o que não tem remédio, remediado está, então o negocio foi retornar para o velho casebre coberto de sape ao pé da serra, no outro dia bem cedinho foi ao povoado comprar tudo o que o fogo consumiu e não deixou de trazer fumo pois chegou a conclusão que o que é do fogo ao fogo pertence, apesar de tudo, voltou a ser o caboclinho alegre, despreocupado e depois dos filhos criados, morreu pitando seu cigarrinho de palha em sua choça ao pé da serra mas morreu feliz da vida.

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 23/03/2011
Código do texto: T2866384
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