A MORTE DO LOBSOMEM
Vivia a bisbilhotar os lugares mais inóspitos do grande sertão porem quando os sinais da aurora surgiam no horizonte, parecia ser mais um longo dia de torturas e sofrimentos, sabia que alem das dores daquelas feridas adquiridas nesta amaldiçoada vida, mais cruéis seriam as perguntas cretinas do pessoal lá do barzinho que lhes enchiam a paciência, principalmente quando o taxavam de lobisomem e ele só não partia pra briga pois por incrível que pareça, era contra a violência alem do que era um fiapo de gente, franzino e de baixa estatura e seu peso corpóreo não passava dos quarenta quilos, isto mostrava a fragilidade física do pobre coitado porem para se defender forçosamente sempre precisava achar respostas as indagações feitas, respostas estas que muitas vezes não condiziam com a realidade vivida porem lhes rendia um trago da malvada cachaça e era assim que ele levava a vida, fazer o que, infelizmente era um ser das trevas e o dia servia apenas para que pudesse surrupiar,com muito custo, uma dose da branquinha ali no boteco, haja visto que fora abandonado pela própria família, triste destino de um preguiçoso insolente que, apesar de ganhar o amor de um bela mulher na juventude, e a sua ex esposa era muito bonita, ele não foi homem o bastante para manter uma família.
A noite sim, esta lhe era oportuna, uma preciosidade, quanta coisa a realizar, quanto felicidade em garimpar alimentos variados entre fezes de animais de sangue frio e o fino sabor do sangue quente, uma mistura que o fortalecia e dava animo para enfrentar a vida, e assim a noite ia levando, ora vasculhando debaixo de um galinheiro, ora frente a frente com algum canino, correndo como um lobo perdido na imensidão da noite, e as noite de lua cheia, nessa sim, parecia viver a eternidade e foi exatamente empolgado por tamanho prazer que caíra na maldita armadilha.
No dia seguinte ele não apareceu no boteco mas logo a noticia espalhou pelo povoado e arredores, o Alemão, um antigo morador do lugarejo, caçador e contador de causos, não agüentando mais os danos provocado, segundo ele, por um ente desconhecido que toda noite de lua cheia, principalmente no período da quaresma, atacava seus rebanhos de carneiros, alem do que vez por outra, seus cães pastores apareciam machucados por travarem combate com este asquerosos ser, inventor que era, o homem idealizou uma armadilha para se ver livre de tal ataque e naquela manhã, Alemão ao visitar a dita cuja armadilha o encontrou morto, com o corpo perfurado por alguma das centenas estacas pontiagudas do referido invento e em cujas pontas continha vestígios da pelagem de um misterioso animal.
O inventor foi muito criticado por todos que souberam da noticia, ao mesmo tempo em que lastimavam a infelicidade do pobre cachaceiro em cair exatamente na armadilha idealizada para captar um ente imaginário, verdade é porem que ninguém mais viu ou ouvir falar deste tal lobisomem, acabou a chacota na vendinha onde ele mendigava um trago de bebida, ficando apenas na lembrança de seus conterrâneos a triste história que aos poucos foram se perdendo no tempo.