DE ONTEM PARA HOJE
“A violência de hoje são nada mais que os frutos do ontem
mal cultivado.”
Uma mulher vivia vagando pelas ruas da idade, toda molambenta, suja, longos cabelos brancos despenteados, o rosto coberto de rugas, sinais de uma pessoa sofrida, judiada pelo tempo, uma andarilho sem rumo certo, neste estado já não deixa transparecer a desejada mulher que foi na juventude, quando irradiava beleza e por esse dote, embora sendo de pouca cultura, era motivo de disputa entre os homens mais considerados daquela pacata cidade interiorana, foi responsável pela ruína de muitos lares, passava seus dias na orgia, uma meretriz de luxo que só descansava quando estava prestes a ganhar um novo filho, foi dona de uma prole grande, porem ninguém, nem ela sabe ao certo o numero de filhos e filhas que pariu, talvez nem podia atinar a este grande dom feminino: a maternidade, pois assim que nasciam, abandonava-os na maternidade a mercê do juizado de menores e adoção, nem sequer se importava com o destino dado aos seus rebentos e muito menos que poderia ser os provável pai.
Assim o tempo passou, e hoje por onde passa serve de chacota a molecada do bairro, no transito um insulto aqui, outro acolá, mas segue sua vidinha sempre medíocre, agora dormindo em abrigos improvisados, não esta abandonada mas se fez abandonada consciente de vida desregrada do passado, não maldiz a sorte mas segue nessa vida de desprezo, o peso da idade aliado ao descuido com o corpo já não dá a ela a leveza e a destreza do passado tanto é que certo dia é quase atropelada por um veiculo moderno, carro do ano, em plena avenida da cidade, o condutor, um rapaz ainda jovem, passeando com a esposas e seus dois filhos ainda pequenos não deixa barato e agride verbalmente a mulher com palavras de baixo escalão.
A esposa, no banco do carona, observa aquela cena de selvageria por parte do rapaz, não sabe o que levou esposo a tamanha reação, mas só ela sabia que na realidade aquela mulher maltrapilha nada mais era senão a mãe biológica daquele conceituado advogado.