A MADRE MALICIOSA
A experiência de vida é uma preciosidade que adquirimos com o passar dos tempos e dias desse me veio a mente um episodio que aconteceu a tempos e serve para ilustrar muito bem este ditado que ainda criança, ouvia das bocas de meu finado avo que quando nos deixou já passava do cem aos de idade.
No povoado onde morávamos, embora a maioria dos moradores fossem católicos, existia apenas uma pequena igrejinha onde vez por outro o padre comparecia para dizer a Santa Missa, porem maior parte do tempo o povo tinha a fiel tradição da reza do terço o que acontecia todos os domingos e matinha todos unidos. Certa vez apareceu por lá, indicado pelo senhor Bispo, uma meia dúzia de freiras missionária cujo objetivo seria a evangelização anunciando a Boa Nova aos fies daquela localidade retirada da cidade grande.
As religiosas foram muito bem acolhida pela comunidade que também se animou ante a proposta apresentada, sendo que ficariam no lugar por apenas duas semana, período em que sairiam de duas em duas em visita as famílias e só retornariam ao cair da noite para a reza na capela e posterior partilha dos trabalhos no qual eram convidados também as pessoas que estavam a frente dos trabalhos e que tinham disponibilidade para tal compromisso.
Assim logo no dia seguinte a chagada, mais propriamente numa segunda feira, saíram para a missão, retornaram a noitinha e após a Celebração da Palavra na Igrejinha, foram então para a partilha e avaliação do primeiro dia de trabalho e mal haviam começado a reunião, tomou a palavra a Irmã Rosário, freira jovem e sem experiência de campo e cujo voto havia feito a pouco mais de um ano, porem muito eloqüente de tal forma que ansiosamente começou a relatar a sua experiência, haja visto que estava vivendo o seu primeiro trabalho Missionário, a ponto de finalizar relatando que havia passado na casa de um morador que a presenteara com uma bela imagem de Nossa Senhora de Lourdes deste tamanho, e indicou com as palmas das mão voltadas uma para a outra e em sentido horizontal, mostrando que a imagem deveria ter em torno de uns quarenta a cinqüenta centímetros de altura. Madre Joaninha, um freira já de idade avançada, experiente no trabalho religioso, muita calma a amorosa no trato com as pessoas e especialmente com suas irmãs de congregação imediatamente, porem de uma maneira carinhosa, corrigiu a irmãzinha dizendo:
___ Não, Irmã Rosário! Não se diz o tamanho da imagem desta forma, imagine se algum malicioso passa por perto e vê a irmã fazendo estes gestos obscenos, o que iria pensar de nós, quando a irmã for relatar este ou outro caso semelhante se diz “deste tamanho” porem indica na vertical assim.
E mostrou como deveria ser o gesto do tamanho da imagem colocando a mão direita a altura do pescoço, um pouco abaixo do queixo com a palma voltada para baixo e a mão esquerda a altura do ventre com a palma voltada para cima, de forma que daria para entender perfeitamente a altura da imagem.
Na realidade não se trata de malicia por parte da religiosa, mas experiencias vividas ensnaram que nossos gestos podem dizer muito, porem se fora de contexto, podem ser mal interpretados e comunicar algo totalmente diferente, por isso Irmã Rosário pediu desculpa e a reunião continuou normalmente como se nada tivesse acontecido.