VOTE NIM MIM

Mas intão..Poisé. Seu Uílson. O povo daqui do Recanto das letras, deve tá estranhandu qui eu nunca mais iscrevi nada, nadinha mesmu. O senhõ até mi pergunto si eu tava ficando sem idéia. Né nada disso não. É qui quando começô a tal di campanha eleitorá , eu tava bem discançando sussegado aqui na minha casinha, com os meu netus, sem querê sabe di nada. É qui eu tinha arresolvido ficá uns tempo sem fazê nada. Só cultivando preguiça. É qui depois de muita luta, e graças a ao Nosso Sinhor Jesus Cristo, consiguí decebê a tal di aposentadoria. Daí eu arresolvi tirá uns dois mês de féria, pela primera vez na minha vida.

Mas, seu Uílson do céu! O sinhô sabe qui o diabo quando não vem, manda o secretáro. Ói qui eu tava era muito bem. Fazendu nada duranti o dia e nem isso de noite. Só tomando cerveja gelada e vendo jogo de futebó na televisão.

Daí que para no portão da minha casa um carrão preto, com uns omi cheio das prosopopéia i mais umas mulhé bunita muito nas elegância, qui ficava só anotando tudo qui um dos omis mandava.

- Bom dia! É aqui qui mora o Senhor José Uóston?

-Sim sinhô. Zé Uóston sô eu mesmo para lhe servi-lo o sinhô. Em qui eu posso lhe ajudá-lo? Eu tava até falandu como qui nem as pessoa finas i educadas que eu via na televisão.

- Seu Zé Uóston, nós estamos aqui para lhe fazer um convite que com certeza o senhor não vai pensar duas vezes antes de aceitar.

Seu Uílson, o sinhô precisava vê a minha cara de besta qui eu fiquei, qui é pra depois me contá.

Mas, qui diabo di convite podia sê? Daí foi passanu um monte di idéia na minha cabeça.

Não era pra dançá no forró, qui eles não tinha cara de forrozeiro. Pra pegá em arma tomem não podia sê. Aquilo era coisa do passado e ninguém se alembrava mais. Omi... Intão vamos entrar lá pra dentro promode a gente proseá i tomá um café ô uma talagada da branquinha, se fôr do agrado de Voças sinhorias.

Daí intão eles foi tudo si acomodandu no sofá i nas cadeira. Era cinco pessoas. Um era o motorista, que ficô calado o tempo todo, os outros dois omí sorria muito, fazenu cara di simpático. As duas mulher se assentaro no sofá. Uma cruzou as perna de tal jeito qui dava pra vê até uma medalhinha de Santo Expedito que a cuja trazia no pescoço.

- Seu Zé Uóstom, permita que eu me apresente. .

- Dr. Eustáquio Brandão, Senador da República e presidente do Partido Renovador Trabalhista Cristão. PRTC. Estamos aqui, eu e o nobre deputado Januário Casanova, para ter o privilégio de conhecê-lo pessoalmente, posto que o seu nome já ultrapassa as fronteiras da cibernética e as suas idéias ousadas e renovadoras, segue cooptando milhares de cidadãos que à cada dia, mais e mais se engajam na cruzada ideológica do nosso partido.

Mas intão Seu Uílson, eu não tava intendendu nada, nadinha mesmu daquele frasiado cheio de ypiciilonis . E quanto mais ele falava, menos eu estendia.

- Mas intão sim sinhô seu nobre doutô... Onde é que eu entro nessa?

-Estamos aqui, meu querido Zé Uóston, para convidá-lo a fazer parte do nosso quadro, que não pode prescindir de uma liderança de tal envergadura.

- Danou-si! Tomei uma talagada das grandi , ofereci uma pro doutô senadô e pro seu nobre deputado. Poisé, Bem qui o sinhô me falô: Pulítico quando qué agradá, bebe até cachaça.

Mas eu ainda não tinha intendido que diabo eles tava querendu com a minha pessoa. Daí intão, o doutô senadô foi abrindo o jogo.

- Zé Uóston! Estamos querendo lançar a sua candidatura e elegê-lo Deputado Federal pelo nosso partido.

Omi, seu minino... eu fiquei besta. E só não tô besta até agora, é purquê eu sô é muito macho.

- Mas, doutô senadô, eu não sei si já lhe contaro pro sinhô, mas, eu sô quase analfabeto. Agora qui eu tô aprendendu um poquinho mais, promode eu podê contá i escrevê as minhas históra. Mas, eu escrevo tudo erradu. Os pessoal qui não dá muita importância pros meus erro.

-Isso não tem a menor importância, me querido Zé. Você será eleito pelo estado de São Paulo e toda a despesa correrá por nossa conta. Sem contar com uma boa ajuda de custo pra você não precisar trabalhar durante a campanha.

- Seu doutô senadô, seu nobre deputado... Voças sinhorias vão me adisculpar, eu sou um omi ingnorante das letras e das firulas gramatical, mas eu não sô burro não sinhô.

Eu to sabenu muito bem, qui os sinhores está querendo arranjá um bobalhão promode carreá uma ruma di votos pra legenda do seu partido i depois elegê um lote di malandro qui ninguém conhece, mas qui vai si dá bem na enxurrada di votos do otário. E mesmo que eu queria entrá nesta malandrage, não ia podê. Eu moro no Município de Duque di Caxias, Meu título é di Planaltina, no estado de Goiás e eu nunca fui em São Paulo.

Mas, seu Uílson! O omi ficô que ficô danado da vida. Si alevantaro, ele o o seu nobre deputado, as mulher tomém , se alevantaro e não deu mais pra vê a medalhinha de Santo Expedito. Eu já tava ficando devoto.

Mas intão, eu fui passá o resto das féria em Goiás e só voltei depois das eleição. Me contaro que o tal di doutô senadô foi pra São Paulo arranjá um outro palhaço.

O sinhô intende uma coisa dessa?