PAU QUE NASCE TORTO, MORRE TORTO

Desde criança sempre foi um menino arredio, a mãe sempre lhes passava um corretivo com a famosa varinha de marmelo, o pai uns cascudos quando fazia algo errado ou lhes respondia de uma forma grotesca, pois sempre tinha um resposta na ponta da língua e não tinha medo das conseqüências, verdade é que dentre quatro irmãos e duas irmãs, este parecia ser a ovelha negra da família, fazendo valer o ditado que os dedos das mão não são iguais, o pai e a mãe esbanjaram amor pelos filhos, não amou sequer um a mais do que o outro, todos igualmente foram amados na medida certa e educação, ah essa vem do berço, e todos tiveram igualmente mas o menino parece até ter sido criado por outra pessoa, não aprendeu nada.

O tempo passou, as coisas foram mudando, as crianças foram crescendo, tornando adolescentes, jovens, assumindo responsabilidades tanto é que dentre eles alguns até já haviam constituído família a exemplo dos pais, mas este menino, agora já jovem, e diga-se de passagem, um belo jovem, continuava com seu tipo grotesco, estúpido para com todos, totalmente o oposto dos demais irmãos, e alem do mais incrédulo como ele só, ateu até o ultimo fio de cabelo, o que deixava os pais e irmãos muitos entristecidos, pois de uma família tradicionalmente cristã, como pode sair um rebento tão arredio desta forma, seria por acaso uma provação divina?

A mãe, coitada, esta vivia as turras com o jovem maroto, não cansava de aconselhar:

_____ Toma tento com este teu jeito meu filho, cuidado com o que fala menino, não sabe que no céu a cada cinco minuto passa um anjo dizendo “amem”, se estamos desejando algo de bom, isto acontece, porem se estamos falando bobagem e o anjo dizer amem, acaba por acontecer algo ruim.

O moço acético como ele só, caia na gargalhada dizendo ser tudo isso invenção do povo, não é a toa que os poderosos falam que a religião é o ópio da humanidade, estão todos perdendo tempo, é preciso ser realista, enxergar a vida como ela realmente é, e assim por diante ia despejando despautérios a pobre mãe.

Certa noite, numa reunião familiar,a conversa debanda para o lado de religião e o rapaz mais que depressa, já manda ver o seu parecer.

____ Se Deus existe de fato, porque não me transforma em um sapo agora.

Antes tivesse ficado com a boca fechada pois talvez nesse exato momento o anjo estava passando sobre a cabeça do moço turrão e ao ouvir o insulto, no mesmo momento e na frente de toda a família transformou o rapaz num sapo que como tal, saiu saltitando da sala e foi rumo ao um brejo que existia nos fundos da propriedade e lá viveu a vida de sapo por um longo período,

Sete longos anos se passaram, sete anos vividos na fria lagoa se alimentando de insetos e fugindo para não se transformar em alimento para jacarés, crocodilos, serpentes, porem vencido o tempo da maldição como num passe de mágica, sapo se transforma novamente no atraente jovem e retorna para casa paterna para alegria de todos.

Engana porem aqueles que acham que a lição valeu a pena, apesar de jovem, bonito e atraente, o rapaz continua o mesmo estúpido de sempre e quando a mãe lhe chama a razão, a resposta agora é automática

_____ Que se dane, qualquer coisa, o brejo esta lá

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 10/11/2010
Código do texto: T2608118
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