O REBOLIÇO NO VELORIO
Era uma bela manhã de verão quando correu pelo Bairro o boato da morte do Zé Caixão, um sitiante muito querido e conhecido por todos no bairro, tinha este nome não em alusão ao Zé do Caixão, personagem que tornou famosos na televisão, alias naquela época la no sertão nem se ouvia falar nisso, mas trazia este nome porque era um carapina e como tal logo que recebia a noticia da morte de alguém, lá ia o Ze com martelos, esquadros e serrotes pondo-se a disposição para fazer o caixão, que naquela época eram confeccionados na casa do falecido, a verdade é que o Zé não tinha uma idade avançada e a noticia de sua morte entristeceu os moradores que rumaram para a casa do falecido curiosos por saber o motivo da morte, pois o homem sempre pareceu gozar de boa saúde e ao mesmo tempo, prestar solidariedade a pobre viúva neste momento difícil de sua existência..
O motivo foi logo esclarecido, Zé morreu derrepente, teve um estupor logo após o café da manhã, entortou a boca, perdeu a fala e em pouco tempo estava morto o bondoso homem, deixando a viúva inconsolável que a cada um que chegava, em prantos contava a agonia que passou ao ver o sofrimento do esposo, assim foi até a noite quando chegou uma comadre distante que sabendo do ocorrido, não pode deixar de prestar solidariedade a comadre agora viúva, foi um pranto só, a outra comadre, chorava a inconsolável comadre viúva que dizia:
_______ Que desgraça abateu sobre minha família comadre, o que eu vou fazer agora, o Zé era tão goooostoso comadre.
Malicia a parte, neste momento de luto, a bondosa viúva nada mais queria senão exaltar a bondade do falecido marido o que não era segredo para ninguém. Após este difícil momento do encontro a comadre a visitante muito católica que era resolve de mediato rezar um terço pela alma do falecido, os ânimos se acalmam, a viúva toma um calmante a base de água com açúcar, todo se preparam ao redor do caixão onde dorme o sono dos justos o pobre Zé do Caixão e a reza tem inicio com o sinal da cruz em seguida a comadre rezadeira da inicio ao credo
_______ Creio em Deus Pai todo poderooooso.... credo em cruz miiinha nossa senhora, defunto se mexeu,,,
Ao ouvir tais palavras foi um Deus nos acuda, alguns saíram correndo pela porta, outros pularam a janela, verdade é que ate a rezadeira se afastou assustada do caixão e um tal Belizário, homem metido a corajoso, gostava de dar banho nos defuntos, tradição do lugarejo, também ficou de orelha em pé, porem sair dali seria uma patifaria, assim umas três ou quatro pessoa que ressabiadas deram prosseguimento ao terço até que agora seguia moroso até que em determinado momento a rezadeira, em meio as Aves Maria, observou novamente.
_______ O defunto se mexeu de novo.
Desta vez teve mais testemunhas oculares, o velho Belizário afirmou veemente que o defunto estava respirando pois o peito havia mexido e diante de tal comentário a viúva teve um faniquito e desmaiou, foi levada pelas bondosas mulheres que observavam da cozinha o rebuliço da sala, mas fé é fé e agora com mais euforia o terço prosseguiu e já no finalzinho, a rezadeira se preparava para a ladainha quando novamente observou.
_______ A mão do compadre se mexe,
Belizário confirma
_______ Os dedos estão se movimentando
A esta altura, embora morrendo de medo alguns caboclos mais ousados se aproximam da janela e observam o defunto de longe, prontos para saírem numa carreira caso algo extraordinária aconteça, um besouro sobrevoa a vela da cabeceira e apaga a chama com suas assas, foi um momento de terror e espanto, a mão do defunto se mexe novamente, todos ficam atentos a cena quando surge por debaixo de suas mão um grande besouro cascudo que alça vôo unindo aos demais insetos que sobrevoam as lamparinas e lampiões do recinto naquela quente noite de verão, Ze do Caixão continua mortinho.