O EQUIVOCO DO ESCRIVÃO
O maior desejo do homem era ter um filho sexo masculino, já que nas tentativas anteriores, só vieram mulheres e ele se decepcionava no final de cada gestação, lá vinha mais uma filha, valendo lembrar que naquele tempo e naquele fim de mundo onde morava, nada de hospitais e a palavra maternidade nem existia em seus vocabulários, somente parteiras aparavam as crianças e cuidavam da mãe no seu resguardo, o tal de Ultra Som nem se ouvia falar, portanto o sexo da criança somente no nascimento, apesar das simpatias das comadres, o que nem sempre dava certo..
Ao pai cabia-lhes a incumbência de providenciar o tal registro de nascimento dos filhos, para isso era preciso deixar a roça, perder um dia de trabalho para ir ao cartório para legalizar a situação assim após o parto, lá ia o homem para a cidade para tal procedimento e tanto foi que acabou por se tornar amigo do escrivão, e até compadre. Mas o caboclinho era tinhoso, queria a todo custo um filho macho e assim foi tentando até que um belo dia, a mulher já quase na menopausa, contabilizando uma prole de onze filhas, eis que vem o rebento tão esperado.
Maravilhado, como o nascimento ocorreu na madrugadinha, mal pode esperar o dia amanhecer, lá se foi o homem levar a boa noticia ao compadre escrivão e aproveitar para registrar o filho. Após a boa noticia, passou-se ao registro do fato e quando o compadre escrivão perguntou pelo nome da criança, a resposta eufórica veio como que por instinto:
_______ O nome será João, menino viu, de Souza
E o escrivão lavrou o assento como João Menino Viu de Souza e o nome do rapaz ficou sendo assim para sempre embora ninguém entendia o porque deste sobrenome.