Um "causo" quase erotico

Em 1972 fomos contratados pelo Grupo Klabim para construirmos mais uma das suas fábricas. Era a Ponsa, fábrica de papel, papelão e caixas para embalagens, localizada na cidade de Goiana - PE. - Por conta da nova obra passamos a residir na cidade do Recife - PE, mais precisamente na Praia de Boa Viagem. De início passamos a residir num pequeno apartamento que temos por lá. Após três meses, como o apartamento era pequeno e quente, resolvemos nos transferir para outro mais amplo e melhor localizado a beira mar..

Uma semana antes da nossa mudança para o novo apartamento, nossa empregada com mais de 10 anos de casa, resolve nos deixar para casar. No mesmo dia a minha mulher cai em campo a procura de uma outra. Por mera coincidência, exatamente no dia da mudança, conseguimos uma nova empregada.

Geralmente quem cuidava das minhas constantes mudanças era Antônio Marcolino, ou “Toinho”, como era mais conhecido, funcionário da nossa empresa desde garoto. Toinho era uma espécie de “Homem dos sete instrumentos” , o “Cara” fazia de tudo, era torneiro mecânico, soldados, motorista eletricista etc. etc.. Como nas mudanças anteriores, seria ele a fazer mais uma.. Hoje Dr. Antônio Marcolino é engenheiro formado pela UFPB.

No dia da mudança, quando estávamos na mesa tomando o café da manhã, alguém toca a cigarra, minha mulher levanta-se e vai atender a porta, era a nova empregada que acabara de chegar. Depois das apresentações de praxe Dona Ignez (Dona Ignêz é a minha mulher) convida a moça a entrar.

Quando a moça ia passando pela copa em direção a dependência de empregados, uma coisa chamou a minha atenção, era a sua maneira de se vestir. A moça usava uma saia comprida que chegava até a metade das suas canelas, sua blusa era de mangas compridas, abotoada no pescoço, usava meias grossas de algodão na cor cinza, sapatos fechados de pulseira do tipo colegial, na mão carregava uma volumosa bíblia.

Depois de guardar os seus pertences no quarto, a moça retorna a copa para saber o quer deveria fazer. Dona Ignez também ficou intrigada com a forma da moça se vestir, pois a roupa com que estava vestida não era nada compatível com aquele calor insuportável do Recife, encara a moça, e. . .

- Maria do Carmo, porque você se veste desta maneira ?

- Eu sou protestante !

- Você não sente calor ?

- Não, já me acostumei, trabalho desta forma !

Dona Ignez dá as ordens e Maria do Carmo passa a desmontar e a embalar as coisas para a mudança.

Às 8;00 horas chega Toinho com o caminhão acompanhado por três homens para, o transporte dos móveis. Quando Maria do Carmo viu Toinho, alguma coisa estranha aconteceu, não sabemos dizer exatamente o que era, , mas que aconteceu, aconteceu. Do rosto sério de Maria do Carmo desabrochou um sorriso de felicidade. Seus olhos passaram a brilhar mais que o normal. A partir daquele instante a moça não desgrudava do Toinho, modificara totalmente a sua forma de trata-lo, agora passara a lhe chamar de Tony. Era Tony pra cá, Tony pra lá. Maria do Carmo estava mesmo irreconhecível, aquilo só podia ser o “Amor” De uma beata contida, Maria do Carmo se transformara numa cadela no cio.

Quando Toinho pegava num móvel junto com os ajudantes, Maria do Carmo estava ali para ajudar, cheguei até a reclamar:

- Menina, deixa este serviço pesado para o pessoal!

- Eu só estou querendo ajudar !

Como em toda mudança, naquele dia trabalhamos acima das nossas limitações, no início da noite estávamos arrebentados, mas em contra partida, estavamos instalados no novo apartamento..

Com aquele corre-corre, não houvera tempo para se preparar o jantar, então, Dona Ignez sugeriu que jantaríamos num restaurante. Como Toinho e Maria do Carmo não quiseram nos acompanhar, nos prontificamos a trazer suas refeições do restaurante.

Por volta das 23;30 horas chegamos em casa, ao decer4mos do elevador, uma coisa chamou a nossa atenção, um som ligado a todo volume, tocava um bolero "brega" do Orlando Dias. Para o nosso desprazer aquela barulheira vinha do nosso apartamento. Quando entramos sem sermos anunciados (também pudera, quem iria escutar uma cigarra naquela barulheira), nos deparamos com uma cena digna do filme “O último tango em Paris”, Toinho com aquele seu jeitão encabulado, sentado numa cadeira, de mão no queixo, apreciava a “ex-beata”, que bailava na sala do nosso apartamento ao som de “Tenho ciúmes de tudo”, encarapitada num sapato salto 10,5 cms, vestida apenas de calcinha e sutiã.

Quando Dona Ignez viu aquela “prezepada” , quase que tinha um troço. Maria do Carmo ao notar a nossa presença, corre e desliga o som, e. . . Dona Ignez braba como um “ Siri dentro de uma lata” se aproxima da moça, e. . .

- Minha filha, venha cá ! Me diga uma coisa, hoje pela

manhã quando você chegou a minha casa, falou que era

o que ?

- Protestante ! Respondeu

Dona Ignês indignado retrucou:

- Você é mesmo protestante ou PROSTITUTA ? ? ?