Sem Por Rima Repetida

SEM POR RIMAS REPETIDAS

PRIMEIRO ATO _ CENA I

Essa estória com certeza

Não é nada divertida

Eu relato a proeza

Sem por rimas repetidas

Ao convite da Marquesa

A corte é reunida

E Kin, a vilã chinesa

Rega as plantas com as bebidas!

Por tamanha avareza

A megera é punida

A rigor com aspereza

Aos leões é remetida!

E uns dizem, malvadeza!

Outros... Pena merecida!

Mas o Rei das libanesas

É o fã da pervertida!

E só lambe a sobremesa

Dando crédito à bandida

Aprovando a destreza

Dela, que é prevenida

Por contenção de despesa

A cambada é mantida

Vegetariana presa

Ao feno e alfafa cozida!

SEM POR RIMAS REPETIDAS

SEGUNDO ATO _ CENA II

Sua vertical magreza

É da toca recolhida

Entre a tropa holandesa

É a quenga preferida

O perfume, a leveza.

Oriental garantida

Debaixo da safadeza

Da militância fedida!

O que não causa estranheza

Ou dá ou desce, decida!

Aos olhos das polonesas

Beatas, santas polidas!

Que com clamor e clareza

Oravam as mãos erguidas

Tirai a ninja ilesa

Das mãos da corte aguerrida

Soldados da gentileza

Por almas arrependidas

Que seja à milanesa

Usai as Santas Medidas!

No colo da fortaleza

A gueixa é transferida

Para outra redondeza

E faz-se página lida!

SEM POR RIMAS REPETIDAS

TERCEIRO ATO – CENA III

E o sol não dá moleza,

É areia derretida?

Ou miragem tailandesa

Ao calor da febre ardida?

Hora brisa, natureza,

Hora suor, dor sofrida

Por suposta framboesa

A Corte aposta corrida!

E avista a correnteza,

Maré-alta bem servida

Lá na Fonte da Pureza

Pela estória conhecida

Ninguém se expõe a fineza

De ousar uma lambida

Em respeito à vela acesa

E a lápide esculpida!

Aqui jaz tão indefesa

Neste rio com formicida

Bela jovem portuguesa

Que é pega distraída

Pela morte na frieza

De uma só engolida

Dá um adeus à francesa

Para não ser socorrida!

SEM POR RIMAS REPETIDAS

QUARTO ATO - CENA IV

De uma delicadeza

A toda prova cabida

Dona de uma grandeza,

Oh pequena incompreendida

Na hora da incerteza,

Mata a sede contida

Contraindo forma obesa

Pela ação do inseticida!

Num relato de tristeza,

Neste ponto de partida

Ei-la, singular beleza

De corpo e alma ungida

Pela virginal firmeza

Da paixão não resolvida

Morre com a sutileza

De uma rosa caída!

SEM POR RIMAS REPETIDAS

QUINTO ATO – CENA V

Às ordens de Sua Alteza,

Seu Pai o Rei, atendidas.

Uma ceia finlandesa

Com excêntricas comidas

E mulher que pega a presa

Pelo estômago engravida

Assim discursa Tereza

A cozinheira atrevida!

Vá por mim, minha princesa,

Não se dê de oferecida

Mire-se na esperteza

Das mulheres mais vividas

Que o Lorde na agudeza

De um zoom sob medida

Põe-te anel de baronesa

No banquete à rã mexida!

SEM POR RIMAS REPETIDAS

ATO FINAL

Hoje mora em Veneza,

Em lua de mel compriiiiiida

Terezinha, a camponesa,

A que faz a rã moída

Com sabor de calabresa

De sexta-feira benzida

E o Barão lambe a mesa

Já de fome possuída!

Não se rende a Realeza,

Ou por coisa parecida...

E o lado da pobreza

Da mucama malvestida

Se transforma em riqueza

E a donzela iludida

Às margens desta represa

Descansa em paz, Margarida!

João Germano Rodrigues
Enviado por João Germano Rodrigues em 21/09/2010
Reeditado em 02/01/2018
Código do texto: T2512147
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