O pé de laranja lima

09/10/2006


Aquela pequena cidade do interior sempre teve seus dias monótonos e sonolentos,
porém aquele era um dia diferente, a pequena cidade parecia estar em festa, tal era sua extensa movimentação.
Todos os assuntos e movimentos eram direcionados tão somente àquele local, que estava triste.
A varanda da mansão das flores, nome condizente com o ambiente, mas do que nunca estava sortida das mais variedades espécies de flores, os quatros cantos da mansão estavam floridos.
A rua, que normalmente era tão deserta, também estava pequena para comportar a multidão, ninguém queria faltar, muitos foram de carro de luxo, ônibus fretado, alguns vieram de charrete, trator, e tinha aqueles que foram a cavalo, grande era a diversificação, muitos personagens ilustres,outros muito simples, todos se misturavam em um só sentimento e curiosidade.
As crianças brincavam de pega- pega, corriam e gritavam, tudo era festa para elas, o segurança contratado da mansão, ralhou com elas e pediu que mantivessem-se em silêncio.
Uma das crianças perguntou – mas porque não podemos brincar e nem rir?
-a mãe respondeu, - é que hoje é um dia triste, ninguém deve rir, pois não há motivos.
As crianças, que parecia terem entendido, calaram e se juntaram a multidão,que estava cabisbaixa, mesmo aqueles que não se importavam com o acontecimento se faziam de triste, ninguém arriscava a dar um sorriso.
A grande mesa de mármore que compunha o salão estava elegantemente coberta com uma toalha de renda, e a sua volta . uma bela e jovem senhora chorava um choro, meio que sem vontade, e volta e meia olhava ao seu redor, se alguém estivesse prestando atenção nela, ai ela caprichava no choro e enxugava as lágrimas em seu lencinho bordado de cambraia, mas se ninguém estivesse olhando, então ela com seu trejeito brejeiro, olhava para a porta de entrada, onde se encontrava alguém,que igual a ela, também se fazia de triste e vez em quando, assoava o nariz, como se estivesse chorando, ambos com ar de impaciência mordiam os lábios, como quem dissesse, em breve estaremos livres.
Este ritual durou até altas horas da madrugada, quando alguns já exaustos resolveram descansar em suas casas, para retornarem ao amanhecer, outros preferiram descansar em seus próprios carros, alguns cochilavam pelos cantos, exceto a bela senhora, esta preferiu descansar no pomar em baixo do pé de laranja lima, que se encontrava bem afastado de todo o episódio que estava ocorrendo.
Na mesa de mármore gelado pousava o corpo gelado do esposo, enquanto isto , o corpo quente da viúva pousava sob o corpo do segurança em baixo do pé de laranja lima.
No dia seguinte, as crianças que antes gritavam , brincavam e riam, também estavam tristes, era a hora da despedida, todos choravam, uns porque sentiam, outros porque sentiam a obrigação de chorarem.
Em dado momento entrou a bela senhora, agora mais do que nunca, ela chorava copiosamente.
Ao presenciar a cena, uma das crianças, disse:
-mamãe, a coitada ficou louca?.
a mãe, perguntou -mas porque minha filha!

-é que ontem a noite, enquanto todos descansavam, ela estava nua embaixo do pé de laranja lima e dizia para o pé de fruta – calma em breve nós não precisaremos mais estar em pé, esses hectares de terras serão só para nosos deleites, será pouco para nós, toda esta metragem de terra, diante de tantos prazeres que haveremos de curtir.
-imagine, mamãe, - assim ela falava com o pé de laranja lima, - ela não estará louca mamãe?
A mãe que conhecia o estado de adultera da jovem senhora, limitou-se a dizer:
- é filha, só esta grandeza de terra será testemunha, e engoliu seco – que bom não deveria ser, embaixo do pé de laranja lima.
- no dia seguinte ao funeral, os agentes da polícia encontraram a viúva e o segurança, que pensavam estarem seguros, embaixo do pé de laranja lima.
enquanto eles se beijavam com sofreguidão, os agentes policiais os algemaram sem a menor resistência.
Apenas um sussurro da viúva:... - fomos descobertos.
E assim, houve justiça para os criminosos do maior fazendeiro do pequeno Município da laranja.
zilvaz
Enviado por zilvaz em 29/08/2010
Reeditado em 29/08/2010
Código do texto: T2466307
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