O GOSTO DO COMPADRE
Num bairro afastado do pequeno povoado que surgia, moravam dois senhores já de idade, o Augusto, conhecido por todos por Gusto e o Firmino, ambos casados e com prole numerosa, o primeiro tinha doze rebentos e o segundo, já no segundo enlace contava com dezoito filhos ao todo, sendo quatorze de sua origem em quatro que vieram com a segunda mulher.
Eram vizinhos de propriedade, só que um morava de um lado do ribeirão e o outro do outro lado, suas casas eram frontais. Com uma prole tão grande, , alem de vizinhos acabaram se tornando compadres, de tal forma que eram parceiros em tudo, menos no trabalho, coisa que não sujeitavam fazer de jeito nenhum, mandavam os filhos pra roça e saiam para as famosas pescarias e outros afazeres que julgassem necessários.
Certo dia compadre Gusto, encontra compadre Firmino e o convida para uma viagem até a cidade grande que ficava aproximadamente as uns cinqüenta quilômetros do povoado, pois era preciso comprar semente de alfafa, lavoura que os dois tocavam na época e cuja semente não encontrava nas casas de comercio do pequeno povoado.
O convite aceito, combinaram sair na madrugada do dia seguinte, indo a cavalo até o patrimônio, donde pegariam o Begê, um trem misto com vagões de carga e de passageiros e que fazia a linha diariamente, indo de manhã, sentido capital do estado, passando pela cidade grande e ao cair da noite, sentido interior, passando pela cidade grande, povoado e indo para o final da linha.
Assim fizeram, chegando a cidade grande por voltas das onze horas, lembrando que o horário do almoço na roça é por volta das nove horas, assim já estavam morto de forme e a primeira providencia a tomar foi procurar um estabelecimento que fornecesse refeição, foram direto para uma pensão onde foram muito bem recepcionados pela proprietária que já os conhecia de longas datas.
Sentaram no reservado, fizeram o pedido e em poucos minutos a comida foi servida, arroz, feijão, torresminho de porco, um ovo frito para cada um e por fim, veio uma porção de couve picada bem fininha, ao que o Compadre Gusto, passou a mão e colocou tudo em seu prato. A Dona da pensão vendo que Firmino ficará sem couve, muito gentilmente providenciou outra porção mas ao colocar sobre a mesa, compadre Gusto mais que depressa, surrupiou também aquela porção e ainda disse para a dona da pensão que o servira:
_______ Pois gosto muito dessa erva.!
A mulher olhou e sem pestanejar:
_______ Pois se o senhor gosta, os outros também gostam.
Apesar da lição, o remédio foi trazer a terceira porção de couve picada para o Firmino, desta vez servindo o homem pessoalmente, enquanto compadre Gusto saboreava as duas porções de Couve Picada.