UM METRO DE CACHAÇA
A venda estava cheia de fregueses cada qual fazer o seu pedido, o caixeiro não veio trabalhar naquele dia e o vendeiro estava sozinho e atarefado, tendo que atender a clientela, aviar as listas de compras e para piorar a situação, era dia de atender os viajantes que por lá passavam vendendo os produtos que estocavam a pequena casa de comercio.
Foi nesse reboliço todo que um caboclinho chegou da roça, chapéu de palha quebrado na testa, botina de couro de búfalo nos pés, calça arregaçada até a canela e ao adentrar a venda, alegre e sorridente como sempre, cumprimentou a todos de um jeito cortez:
______ Batarde pra todos!
Sentou numa banqueta a beira do balcão, o vendeiro media alguns metros de corda para um freguês, o camponês retirou o cigarro de palha que trazia por detrás das orelhas, acendeu o dito cujo, deu uma baforada e se dirigiu ao vendeiro pedindo como de costume:
______ O Sinhò proveitá e me vê logo aí um metro da branquinha pra mim!
Todos os presentes, inclusive o vendeiro, conhecendo bem o caboclinho, riram mas sabiam perfeitamente que na realidade ele estava querendo era um copo de cachaça, o vendeiro atazanado que estava, embora não fosse do seu feitio, se irritou com o pobre homem, um bom freguês na verdade mas sempre que aparecia na venda, vinha com suas piadas e o comerciante hoje não estava para brincadeiras. Catou o metro de madeira que dispunha para medidas de alguns de seus produtos e que no momento estava ao seu alcance, marcou no balcão um metro e depois despejou a aguardente no balcão e com um ar de reprovação e insulto disse ao caboclinho
______ Pois tá ai! Beba seu metro de cachaça!
Até os fregueses espantaram com a conduta do comerciante e riram, com isso caboclinho se sentiu destratado pelo comerciante e humilhado diante dos fregueses, porem não se deixou abater diante daquela situação, com muita calma pediu educadamente:
______ Intão imbruiá, que esta vô toma lá im casa.