A ARVORE SECA E AS POMBAS JURUTIS

A conversa no boteco estava animada, o velho italiano aposentado, contava vantagens de suas pescarias pelos rios dos arredores do pequeno vilarejo, assim a conversa seguia animada, momentos de expectativa, momentos de descontração seguidos de risos a cada anedota contada pelo bondoso homem.

Totonho da Sinhana, famoso loroteiro do lugar observava tudo ate que não se conteve, meteu a colher no meio da prosa, pois o momento era propicio para contar uma de suas aventuras, um episódio que aconteceu, segundo ele, quando ainda era rapazote. Todos os presentes sabiam que Totonho, ao contrario do velho Italiano, nunca foi chegado a pesca, mas a caça sim, este era o seu passatempo preferido desde de criança, assim todos silenciaram para ouvir a anedota do famoso loroteiro pois com certeza, dali viria chumbo grosso.

Totonho com seu jeito peculiar e cativante de prosear, relatou que certa fez, andando pelos matagais, rios e brejos da região, observou que as margens do banhado conhecido por todos como pântano, devido a extensão do alagado, existia uma enorme arvore seca e que em seus galhos pousavam uma grande numero de pomba juruti toda tarde, aquela visão aguçou o seu sentido de caçador que logo passou a matutar uma forma de pegar o maior numero de pombas de uma só vez o que seria uma caçada inesquecível.

Logo porem veio a inspiração, se fizesse visco o suficiente para espalhar pelos galhos secos da arvore, com certeza as pombas sentariam nos galhos viscosos, grudariam e depois era só ir catando uma a uma e colocando no embornal. Não perdeu tempo, saiu a cata de matéria prima ali pelas redondezas, fez mais de vinte litros do grude e gastou quase a metade de um dia só para esparramar a armadilha na grande arvore, foi um sacrifício mas não deixou um galhinho sequer sem a gosma agora era só esperar o resultado e ir a caçada.

Foi dito e feito, como planejado, ao cair da tarde, as pombas vieram aos bandos, afirma o loroteiro que deveria ter, por baixo para não exagerar, umas três ou quatro centenas delas, assentaram na arvore como de costume tapando todos os galhos, e ele de tocaia observava tudo quietinho, assim que elas se acomodaram, ele saiu a caça, mas qual o que, as danadas assustaram com a sua presença, bateram as asas tentando alçar vôo, mas estavam grudadas pelos visco na arvore, ouviu-se um barulho ensurdecedor, parecido com o barulho de um avião, pois sentindo presas a arvore, batiam as asas cada vez com mais forças, a arvore balançou de um lado, balançou de outro e não resistiu, apos um estrondo as jurutis levantaram vôo, levando a arvore seca grudada em seus pés.

A conversa terminou em risos e aos que não acreditaram o loroteiro ainda informou que era só ir na beira do brejo lá no pântano, até hoje tem o buraco no local em que a arvore foi arrancada.

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 27/06/2010
Código do texto: T2344398
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