Grito de Carnaval

Finalmente o prédio de apartamentos ficara pronto. Na mesma semana a construtora encarregada da construção, convidara os proprietários para uma reunião a ser realizada na noite da sexta-feira, onde seria feito o sorteio dos apartamentos.

Precisamente as 20h00 os carros começaram a chegar, eram apenas seis todos de propriedade dos donos dos novos apartamentos. O grupo de moradores era formado por cinco jovens executivos, com idades que variavam de 30 a 35 anos e um engenheiro de meia idade, todos acompanhados das respectivas mulheres.

As mulheres parece que haviam combinado, estavam impecavelmente vestidas, pareciam até que iam a um desfile de modas, mas, uma coisa chamou a atenção de todos, quando digo todos, eram homens e mulheres. A mulher do tal engenheiro era um pedaço de mal caminho, um “avião”, ou melhor a “mulher maravilha”. - O mulherão tinha mais de 1,70 m, loura, olhos azuis, magrinha cheia, cintura fina, bum-bum arrebitado e pernas grossas, resumindo, a mulher era o “cão chupando manga”. O seu marido era exatamente o oposto o “cara” era todo ruim, relaxado e além de tudo completamente desligado.

Quando todos já haviam chegado, Paulo ou Paulão, um dos novos moradores dos apartamentos, como os mais íntimos lhe tratavam; dono de uma agência de publicidade e diretor de um jornal, fica no meio do salão de festas do prédio e grita paras todos ouvirem:

- Atenção pessoal, um minutinho da sua atenção !

O grupo se aproxima formando um semi-circulo em torno do Paulão, e. . .

- Olha gente, já que vamos morar no mesmo prédio, gostaria que todos se

apresentassem ! Falou Paulão apontando para o engenheiro.

- Tenha bondade, o senhor será o primeiro a se apresentar !

O engenheiro dá de garra do braço da mulher que já estava enturmada com a rapaziada, e. . .

- Pessoal eu sou o Waldemar, esta é a minha “senhora” Soninha !

Quando Waldemar acabou a sua apresentação foi aquela correria dos cinco homens em direção a Soninha, foram abraços e beijinhos que não acabavam mais. Enquanto isto Waldemar lá num canto examinava o detalhe das persianas das janelas, alheio a tudo em sua volta.

Depois do sorteio dos apartamentos, a construtora ofereceu um coquetel aos presentes, aquilo seria até uma maneira de aproximar os novos condôminos, depois de alguns whisky o pessoal já estava se dando tão bem que, parecia ate que já se conheciam há vários anos.

Na segunda-feira seguinte já estavam todos morando nos novos apartamentos. - A noite eles se reunião no jardim do prédio para aproveitar a brisa vinda do mar. Foi aí que o Paulão teve uma idéia, e. . .

- Olha gente, que tal nesta sexta-feira nós nos reunirmos no meu apartamento

para tomarmos uns drinques ?

- Ótima idéia ! Gritaram todos aplaudindo.

A partir daquele dia, todas as sexta-feira o grupo se reunia, sendo que, em cada semana num apartamento diferente. - Aquilo seria uma maneira da turma se divertir e economizar algum dinheiro.

Como estava próximo ao carnaval, Paulão propôs a turma a realização de um grito de carnaval à fantasia no seu apartamento, denominado “Uma Noite no Havaí” A idéia foi aceita de bom grado por todos, porem, uma pessoa estava mais deslumbrada que os demais, Soninha.

No dia da festa, depois das 22h00 os convidados começaram a chegar, as mulheres vestidas de sarongue, os homens com pedaços de pano estampado preso em torno da cintura, no pescoço todos com o tradicional colar de flores. - A medida que os convidados iam chegando, Paulão ia servindo bebidas, tendo o cuidado de manter os seus copos sempre cheios (Paulão estava mau intencionado). Só faltava chegar o Waldemar e a Soninha. - Paulão de tão impaciente, já telefonara “n” vezes para o apartamento deles. Finalmente a campanhia toca, Paulão corre apressadamente para abrir a porta, eram Waldemar e Soninha. - Quando a “galera” viu Soninha entrando, ficou de boca aberta, e. . .

- SONINHAAAA ! ! ! Gritou a galera eufórica

Soninha viera vestida de havaiana, mas, havaiana de mesmo (ela atanazara tanto o juízo do Waldemar, que ele importou do Havaí, uma fantasia autentica, usada pelas nativas da ilha do Pacifico. A fantasia da Soninha deixava a mostra noventa e cinco por cento do corpo escultural da “galega”, os homens babavam em torno dela, as mulheres por sua vez, olhavam enciumadas para aquele monumento de mulher com ar de inveja. Waldemar viera vestido de marinheiro, desligado, pelos cantos, olhando cada detalhe da construção do apartamento do Paulão.

Para maior brilhantismo da festa, Paulão trouxera da redação do jornal onde trabalhava um fotografo para registrar cada detalhe da festa. Enquanto a “galera” dançava sempre ao lado da Soninha, o fotografo ia dando os seus click”s. Na verdade Soninha era uma “ilha” rodeada de marmanjos por todos os lados.

Lá para as tantas da madrugada , Paulão sugere um banho de piscina, e lá foram todos. Como já estava todo mundo “alto”, ninguém reparava os pormenores da festa. - Dentro da piscina a “macacada” sempre junto da Soninha, e o fotografo lá, dando os seus click’s.

Na segunda-feira, Paulão teve de viajar, mas, antes deixara o filme no laboratório do jornal para ser revelado. As mulheres estavam malucas para verem as fotografias, era só no que falavam..

Na tarde do mesmo dia, um moto-boy do jornal, entrega um envelope com todas as fotos a mulher do Paulão, ele de imediato, pelo interfone convida as amigas para verem as fotos, foi aquela correria no prédio. Cinco minutos após as seis mulheres estavam juntas para verem as fotografias. - Quando a primeira foto e retirada do envelope, cinco das seis mulheres arregalam os olhos, elas não acreditavam no que estavam vendo, e. . .

- SONINHA sua PIRANHA, fora daqui ! ! !

Na mesma semana Soninha e Waldemar foram despejados do prédio por imposição das mulheres e tristeza dos cinco maridos. . .