Pagando Mico
Dizem que rapaz solteiro em cidade do interior é mais caçado pelas moças que barata em galinheiro, não fui exceção desta regra na cidade de Patos – PB., onde passei os dois melhores anos da minha vida, construindo o Hotel JK daquela cidade. - Eu morava numa casinha simpática bem em frente a construção, na Praça Getulio Vargas. - Meu carro naquela época era um Jeep 60, novinho da loja, especialmente preparado por “Pé Seco”, mecânico de Campina Grande que arrumava os carro, já que não existiam as equipadoras. - Meu Jeep tinha tudo que a baiana tem, eram pneus faixa branca, rádio, farol de estrada, pisca-pisca, capota aberta nas laterais, finalmente todo equipado, um verdadeiro carro de “boy” dos dias atuais. - Eu tinha todas as ferramentas para agradar: Novo, Solteiro e Motorizado.
Minhas refeições eram feitas no Hotel Guanabara, de propriedade de D. Júlia, durante as noites eram colocadas na calçada em frente ao hotel, confortáveis cadeiras de vime, onde os hospedes sentavam-se para apreciar o movimento e aguardar a chegada do vento “Aracati” (sua chegada dava-se por volta das 20h00) que amenizava sensivelmente a temperatura na cidade, que beirava os 40°. Foi ali no Hotel Guanabara que conheci e fiz uma legião de bons amigos naquela cidade do sertão da Paraíba.
Naquela época eu era noivo, mesmo assim assíduo freqüentador dos famosos bailes do Patos Tênis Clube e dos “assustados” organizado pelas moças da cidade, onde se dançava boleros ao som de Waldir Calmom. - Não sei explicar se é defeito ou virtude, do meu circulo de amizade ser bem maior com o sexo oposto, o certo é que em pouco tempo eu já me encontrava “enturmado”, consegui até uma namorada firme na cidade.
Todos os dias pontualmente as 17h30. ao terminar o expediente da construção, eu atravessava a praça Getúlio Vargas, indo para a minha casa, tomava banho e trocava de roupa e pegava o jeep, podia até soltar a sua direção que ele ia diretamente para a rua onde morava a namorada.
Minha noiva havia entrado de férias, e recebeu um convite de uma das suas tias, para passar um final de semana na cidade de São José do Egito - PE.; pegaram um ônibus e viajaram, ao chegar em Patos o ônibus apresentou um defeito, impossibilitadas de seguirem viajem, tiveram de pernoitar na cidade, indo diretamente para a residência de uma conhecida da sua tia.
Naquele mesmo dia, como fazia pontualmente às 17h30 ao encerrar o expediente da construção, vou para casa e etc. etc., pego o jeep. Como atraído por um imã, percorremos diversas ruas, quando menos espero, estava estacionado em frente a casa da namorada. Com aquele ar de galã de filme dramalhão mexicano, dou duas rápidas buzinadas para chamar atenção; de dentro de casa surge um garoto muito meu conhecido, era o irmão da namorada, ri e acena em minha direção, passando a gritar:
- Ruth, ou Ruth, teu namorado chegou !
Lá de dentro da casa, surge uma bela morena correndo, se aproxima enroscando-se no meu pescoço, falando baixinho diz no meu ouvido:
- Tenho uma surpresa para você ! Quero lhe apresentar uma moça de
Campina Grande !
Ruth retorna ao interior da casa, voltado em seguida, ao seu lado caminhava uma moça loira, as duas se aproxima, e. . .
- Ignez, quero lhe apresentar o meu namorado ! Vocês já se conhecem ?
A moça loira olha para dentro dos meus olhos, como quisesse me fuzilar, pega na minha mão , com o ódio estampado no rosto, e. . .
- Este “safado” aqui é o meu noivo ! ! !
Naquele instante, morrendo de vergonha, pedí a Deus para que abrisse um buraco no chão, para que eu sumisse com o jeep e tudo mais, aquela moça loira era simplesmente a minha NOIVA . . .