Óculos de Gráu

Já fazia um tempão que Severino não ia a um oculista. - O sujeito era míope e usava lentes do tipo “fundo de garrafa”. - Constantemente Severino se queixava a sua mulher que não estava enxergando bem, mas, ir a um oculista nem pensar, parecia até que para Severino não existia a palavra oculista no seu dicionário.

Severino era comerciante, todas as semanas ele ia até Campina Grande, para renovar o estoque das mercadorias da sua bodega. Como não tinha transporte próprio, viajava nos ônibus da Expresso Condor que faz a linha Boqueirão x Campina Grande.

Numa determinada semana, Severino mais uma vez vai a Campina Grande. Chegando ao antigo terminal rodoviário, que fica no centro da cidade, ao descer do ônibus, tropeça no batente e vai de encontro ao poste da placa indicativa da parada de Boqueirão. - A pancada fora tão forte, que, Severino cai de costas sentado no chão. Com a batrida o seu óculos voa longe dividido em vários pedaços. Quando Severino se recuperou da pancada, sua primeira providencia foi procurar os seus óculos. - Severino de quatro, sem nada enxergar, sai engatinhando calçada a fora a procura dos seus óculos. Como não o encontrou, Severino pede ajuda as pessoas em sua volta, chegando a prometer uma gratificação para quem o encontrasse. - De repente um “pivete” que também se encontra envolvido nas buscas se aproxima do Severino, e. . .

- ACHEI ‘SEU ZÉ’ ! Só que do seu ocrin só sobrô o “Tchauuu”

Falou o Menino

Mesmo assim Severino com as mãos em concha recolhe os pedaços do que um dia fora um óculos, e passa a reclamar:

- E agora meu Deus, como vou fazer as minhas compras ?

- Como vou andar no meio desta multidão, sem enxergar nada ?

Uma mulher que estava ali por perto, penalizada com a situação do Severino se aproxima, e. . .

- Moço posso lhe ajudar ?

- Pode “dona” ! Me diga onde posso comprar um óculos ?

Antes mesmo da mulher falar alguma coisa. Surge em sua frente um vendedor de óculos que faz ponto ali na rodoviária. O cara mais parecia uma vitrine de Ótica, com mais de cem óculos dos mais variados tipos de óculos dependurados em sua camisa. - Nas costas o vendedor trazia um espelho para mo cliente experimentar o produto que iria comprar.

A mulher chama o vendedor de óculos, e.. . .

- Moço venha cá, este senhor esta querendo comprar um óculos !

O vendedor se aproxima do Severino e passa a mostrar os mais variados tipos de óculos. - Severino sem nada enxergar apalpava as armações, e. . .

- Oh menino, eu não to vendo nada ! Para agente não perder tempo, veja se você arranja um óculos de grau, mas, que seja um grau bem forte !

- Oxente “Seu Zé”, eu tenho um aqui que vai dar certinho no senhor !

- Expromente este aqui !

Severino tateando, pega nos óculos e o coloca na cara. - Piscas os olhos para se acostumar com as novas lentes, faz uma careta, respira fundo e olha em direção a um cardápio de um bar, afixado a uns cinco metros a sua frente. Severino olha mais uma vez para o cardápio e toma um susto. Para surpresa do Severino ele conseguiu ler de primeira aquelas letrinhas miúdas do cardápio do bar. Severino não acreditava no que estava acontecendo, aquilo só podia ser um milagre. Severino ficou tão contente e eufórico com os novos óculos, que, rindo de felicidade, chama o “camelô”:

- Menino, me diga quanto custas este óculos ? -

O camelô vendo a felicidade do Severino, resolveu cobrar caro pela sua consulta e cobra dobro do valor pelo óculos. - Severino nem pestanejou pagou o valor cobrado e ainda deu uma boa gratificação para o vendedor, e. . .

Aquela aquisição merecia uma comemoração, então Severino convidou oocamelô a tomas umas cervejas na sua companhia. Os dois entram num bar da rodoviária, quando chegam junto ao balcão, Severino olha para o rapaz e fala:

- Menino, antes das cervejas vamos tomar uma água de coco

para lavar a barriga !

Severino escorado no balcão, olha para o dono do bar e pede:

- Moço abra estes dois cocos prá gente !

O dono do bar fiou um tanto intrigado com o pedido feito pelo Severino, meio atrapalhado ele responde:

- O senhor deve estar enganado ! Aqui no bar não vendemos cocos ! Isto que o senhor esta vendo em cima do balção são limões.

Eita ocrin arretado. . .